Almoço de Páscoa tem alta média de 5,28% neste ano, aponta estudo

Já em cinco anos pescados, frutas, chocolates, biscoitos, leite condensado, açúcar e azeite subiram quase 70% em média

Crédito: Divulgação/FGV

A Páscoa é tradicionalmente associada aos ovos de chocolate, mas o impacto no bolso dos brasileiros vai muito além das prateleiras coloridas dos supermercados. A inflação da cesta de alimentos típicos da data revela um cenário mais amplo — e salgado — para quem pretende reunir a família no almoço pascal.

Dados analisados pela Rico mostram que, entre fevereiro de 2024 e fevereiro de 2025, os preços dos itens tradicionalmente consumidos na Páscoa subiram, em média, 5,28% — ligeiramente acima do IPCA do período (5,06%). Mas esse dado recente é apenas parte da história.

Ao ampliarmos o horizonte para os últimos cinco anos, a inflação da cesta de Páscoa — que inclui pescados, frutas, chocolates, biscoitos, leite condensado, açúcar, azeite e outros — chegou a 69,87%, contra uma alta de 35,43% do IPCA no mesmo período.

Confira a comparação dos itens nos últimos 12 meses:

Itens Inflação acumulada (fev/24 – fev/25)
Chocolate em barra e bombom 16,53%
Chocolate e achocolatado em pó 12,49%
Azeite de oliva 14,16%
Leite condensado 8,98%
Balas 8,01%
Frutas 3,31%
Manteiga 4,97%
Biscoito 1,39%
Pescados -0,10%
Açúcar refinado -1,06%
Açúcar cristal -0,04%
Morango -5,34%
Cesta de Páscoa 5,28%
IPCA (referência) 5,06%

E nos últimos cinco anos:

Itens Inflação acumulada (jan/20 – fev/25)
Azeite de oliva 119,36%
Açúcar cristal 85,69%
Açúcar refinado 81,98%
Morango 81,24%
Chocolate e achocolatado em pó 69,81%
Chocolate em barra e bombom 56,43%
Leite condensado 55,05%
Manteiga 50,36%
Biscoito 46,23%
Balas 30,80%
Pescados 19,15%
Cesta de Páscoa 69,87%
IPCA (referência) 35,43%

“Esse resultado mostra que produtos tradicionais da data, como chocolates, azeite de oliva e leite condensado, tiveram altas expressivas que puxaram a média para cima. O comportamento dos preços revela um cenário misto, mas que, no conjunto, manteve a Páscoa mais cara para o consumidor em relação ao ano anterior”, avalia Maria Giulia Figueiredo, analista de research da Rico. “Embora produtos como açúcar refinado, açúcar cristal e morango tenham registrado queda nos preços nos últimos 12 meses, alguns deles foram os que mais acumularam alta nos últimos cinco anos. Ou seja, a deflação recente pode ser mais um ajuste pontual após picos de preço do que uma tendência de alívio duradouro”, completa.

CHOCOLATE

A tradicional estrela da Páscoa, o chocolate, também segue pesando no orçamento. Além do açúcar (que acumulou alta superior a 80% em cinco anos), o cacau teve uma valorização de 173% apenas em 2024, em razão de problemas climáticos nas maiores regiões produtoras do mundo, como Costa do Marfim e Gana.

Mesmo com uma queda nos preços do cacau em 2025, essa redução ainda não foi sentida nos ovos de Páscoa, já que o estoque foi comprado anteriormente, a preços mais altos.

Além disso, a produção de ovos foi reduzida: a Abicab (Associação Brasileira da Indústria de Chocolates, Cacau, Amendoim, Balas e Derivados) aponta que foram produzidos cerca de 45 milhões de ovos em 2025, uma queda de 22,4% em relação a 2024. Com menos oferta, o impacto nos preços é inevitável.