O discurso de Donald Trump, embora longo, não trouxe novidade em nenhuma perspectiva, nem em questões geopolíticas internacionais, nem em relação às questões comerciais tributárias. A interpretação é do economista Bruno Corano, da Corano Capital, para quem o discurso do presidente dos EUA no Congresso norte-americano é exatamente o mesmo que já vem apresentando nos últimos meses.
“Como é sabido, o presidente fala em aplicar reciprocidade com países que taxam os produtos americanos. E isso não é uma exclusividade do Brasil. A imensa maior parte dos países taxa produtos americanos para serem importados para esses determinados destinos”, diz Corano lembrando que o Brasil está fragilizado e vai sair perdendo.
Aliás, a Casa Branca confirmou que Trump concedeu um prazo até 2 e abril para a aplicação de tarifas impostas para veículos do mercado do Acordo Estados Unidos-México-Canadá.
Uma alternativa, na visão de Corano, seria ‘Estados Unidos não me cobre impostos ou mantenha na média de 2%, que eu também reduzo para 2%’. “O Brasil não consegue porque é um país pobre e quebrado e precisa desse dinheiro, dessa tributação. Se os Estados Unidos igualarem usando então o modelo da reciprocidade, as exportações brasileiras vão cair, certamente”, comenta.
Para Corano, a aplicação de cobrança de tarifas vai ser ruim para os Estados Unidos e para po Brasil porque quem vai pagar esse aumento tarifário é o próprio consumidor americano. “Então é uma troca. É transferir a ineficiência do governo, no sentido de que ele gasta muito cada pouco, para o bolso do consumidor americano”, diz o analista.
BENEFÍCIO
Com a China aplicando tarifas retaliatórias sobre produtos agrícolas dos EUA, o Brasil pode aumentar suas exportações de soja, milho e carnes para o mercado chinês, substituindo parcialmente a oferta americana. Além disso, as tarifas sobre produtos chineses e europeus podem tornar os produtos brasileiros mais competitivos no mercado americano, especialmente em setores onde o Brasil já possui presença, como calçados e têxteis.
Para o especialista em investimentos Jeff Patzlaff, com possíveis barreiras ao etanol brasileiro sendo consideradas pelos EUA, o país pode buscar novos mercados ou fortalecer parcerias existentes para exportação de etanol, aproveitando sua expertise no setor de biocombustíveis. Ou ainda, o produto poderá ficar no Brasil, aumentando a oferta e diminuindo os preços, mesmo que esta possibilidade seja mais improvável pode acontecer no curto prazo até que os ajustes se consolidem.