O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ordenou na tarde desta segunda-feira, 10, o aumento das tarifas sobre importações de aço e alumínio de 10% para 25%, elevando ainda mais o risco de uma guerra comercial em várias frentes. Segundo a Casa Branca, a medida passa a valer a partir de 4 de março e foi anunciada junto com uma série de decretos executivos assinados. “Hoje estou simplificando nossas tarifas sobre aço e alumínio”, disse Trump no Salão Oval ao assinar ordens executivas. “São 25% sem exceções ou isenções”.
A taxação vai impactar a produção desses setores no Brasil, podendo acarretar redução da produção brasileira, aumento de preços dos derivados no mercado interno. A isso se associaria o risco de demissões no segmento, caso não sejam identificados novos mercados. Especialistas apontam que Índia, Austrália e África do Sul podem se transformar em um alívio para as exportadoras brasileiras de aço e alumínio.
Com isso, os analistas consideram precipitado apontar consequências para a decisão. O entendimento é do economista Bruno Corano, da Corano Capital, para quem os EUA não conseguem produzir nem de perto a quantidade necessária para suprir o consumo interno de aço pois o país um grande importador.
“Case decidam pela taxação e, como não conseguem produzir internamente, o mercado norte-americano têm só dois caminhos. Ou pagarem mais pelo aço no curto prazo, porque eles vão ter que pagar com taxa, independentemente do lugar em que fizerem negócio; ou começar a aumentar a produção interna”, sentencia.
O economista da Corano Capital lembra que aumentar a produção não acontece de uma semana para outra, nem um mês para outro. São anos para a indústria voltar a ser mais produtiva, porque boa parte disso depende da construção ou expansão de plantas industriais.
CENÁRIO
O país da América do Norte é o maior comprador do aço brasileiro. Segundo dados do Instituto Aço Brasil, em 2022, os EUA compraram 49% do total do aço exportado pelo país. Em 2024, apenas o Canadá superou o Brasil na venda de aço aos Estados Unidos.
No caso do alumínio, a dependência dos EUA é menor. O país foi o destino de 15% das exportações de alumínio do Brasil em 2023. O principal comprador do alumínio brasileiro é o Canadá, que absorveu 28% das exportações desse produto naquele ano. Os dados são da Associação Brasileira do Alumínio (Abal).
Caso a taxação resulte em queda na produção desses produtos no Brasil, haverá perda econômica, de produtividade e de empregos nesses setores e nas demais áreas interligadas ao aço e ao alumínio, avaliou o economista, doutor em relações internacionais e CEO da Amero Consulting, Igor Lucena.
O governo brasileiro aguarda o governo dos Estados Unidos oficializar a taxação de 25% sobre as importações de aço e alumínio para se manifestar sobre o tema, informou o ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Na semana passada, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que o Brasil pode usar a lei da reciprocidade, aumentando as taxas de produtos estadunidenses consumidos pelo Brasil. “O mínimo de decência que merece um governo é utilizar a lei da reciprocidade”, disse em entrevista a rádios de Minas Gerais.
Durante o seu primeiro mandato, Trump impôs tarifas sobre o aço e o alumínio, mas concedeu depois cotas de isenção para parceiros, incluindo Canadá, México e Brasil, que são os principais fornecedores desses produtos.
(*) com Agência Brasil