Líderes políticos assinalam lugar de Collares na história

Em despedida realizada no Piratini, governador Eduardo Leite e ex-chefes do Executivo relembram personalidade marcante, bom humor e habilidade do trabalhista

Velório de Alceu Collares | Foto: Camila Cunha

Familiares, amigos, companheiros de partido e da política se despediram nesta quarta-feira, 25 de dezembro, do ex-governador Alceu Collares (PDT). O velório foi realizado no salão Negrinho do Pastoreio do Palácio Piratini, entre 11h e 16h.

Desde o início da cerimônia, as bandeiras do Brasil, do Rio Grande do Sul, do PDT e do Grêmio foram dispostas sobre o caixão. Como parte do rito concedido aos chefes do Executivo gaúcho, quatro cadetes do grupamento Câmara Ardente, da Academia de Polícia Militar, permaneceram como sentinelas durante todo o velório, enquanto Dragões do Regimento de Polícia Montada guardaram as escadarias do Palácio.

Além do atual governador, Eduardo Leite (PSDB), três ex-chefes do Executivo prestaram suas últimas homenagens ao líder pedetista no Piratini. Pedro Simon (MDB), Yeda Crusius (PSDB) e Tarso Genro (PT) destacaram a trajetória de Collares e sua importância para a história.

Leite declarou que a personalidade de Collares e sua forma de expressar ideias e convicções, mesclando firmeza, habilidade e bom humor, fizeram sua trajetória ser “especialmente marcante para os gaúchos”. Disse ainda que deixou para o Estado grande contribuição, merecendo todo o respeito e admiração.

Yeda lembrou que falava em nome do grupo de ex-governadores que, em função da data, não pode comparecer, e celebrou o que, no pedetista, chamou de uma vida dedicada à educação. “Vale a pena fazer política quando se faz com a vontade que Collares fez. Ele participou de um partido político que mudou o Brasil”, afirmou ela.

Tarso assinalou a amizade de décadas com o trabalhista, que descreveu como “uma figura exponencial da política brasileira.” Avaliou ainda que o momento é de dor para o RS. “Porque ele foi alguém extraordinário, que percorreu toda uma época, um grande lutador pela democracia e pelos interesses da população mais excluída e explorada.”

Simon classificou o trabalhista como um dos grandes nomes da política do país. “Um homem de bem, respeitava a todos e todos os respeitavam. É uma das histórias mais bonitas que eu conheço de um homem público. Estivemos juntos nas grandes horas. Nas horas mais difíceis que enfrentei, esteve ao meu lado”, falou.

Entre as autoridades presentes, o prefeito Sebastião Melo (MDB) assinalou a autenticidade e o bom humor do pedetista, e ressaltou obras realizadas por ele enquanto prefeito da Capital e governador, como as avenidas Beira-Rio e do Trabalhador. O presidente do Tribunal Regional Eleitoral (TRE), Voltaire de Lima Moraes, disse que o trabalhista é uma das grandes lideranças da política brasileira e o incluiu no grupo de líderes “altamente republicanos, que compreendem a importância da independência e do funcionamento das instituições democráticas do país.”

O presidente estadual do PDT, Romildo Bolzan Júnior, o deputado federal Pompeo de Mattos, o estadual Gerson Burmann, o ex-deputado Airton Dipp, o prefeito de São Sepé, João Luiz Vargas, e o vereador de Porto Alegre Márcio Bins Ely foram algumas das lideranças presentes representando os pedetistas. Também compareceram, entre outros políticos, a deputada federal Maria do Rosário (PT) e a vereadora Nádia Gerhard (PL).

João Gilberto Lucas Coelho, que foi vice-governador de Collares, e que há anos está afastado da vida pública, também compareceu ao Piratini. Ele disse que não poderia deixar de homenagear o trabalhista. Sobre os embates entre os dois ocorridos durante o governo, afirmou que “nem foram tão grandes assim”. E finalizou dizendo que intensidade era a palavra que resumia a vida do pedetista.

Collares, que estava com 97 anos, morreu na madrugada de terça-feira, de falência múltipla de órgãos, após permanecer internado no Centro de Tratamento Intensivo (CTI) do Hospital Mãe de Deus por uma semana em função do agravamento de um quadro de problemas respiratórios.

Ele era portador de enfisema pulmonar e havia passado por uma pneumonia em novembro. Na semana passada, foi levado ao hospital pela esposa, Neuza Canabarro, depois de sentir falta de ar.