Depois de mais um dia de intenso nervosismo no mercado financeiro, o dólar fechou a quarta-feira em alta de 2,78% no mercado à vista, cotado em R$ 6,26, o maior nível nominal da história, sem intervenções do Banco Central. Desde a última quinta-feira, 12, a autarquia já injetou US$ 12,7 bilhões no mercado, em sete leilões à vista ou com compromisso de recompra (o conhecido leilão de linha), na maior intervenção em um único mês desde março de 2020.
Para esta quinta-feira, 19, a autoridade monetária já anunciou um leilão de venda à vista de até US$ 3 bilhões, das 9h15 às 9h30. Cada operador de câmbio poderá enviar até três propostas com o volume pretendido e o diferencial, com até seis casas decimais, a ser adicionado ou diminuído da taxa de venda do fechamento do dia. Segundo o BC, serão aceitas as propostas cujo diferencial seja superior ou igual ao divulgado no resultado, podendo ocorrer aceitação parcial do volume ofertado.
ATAQUE ESPECULATIVO
Para o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, há um caráter flutuante do câmbio, e não está descartado um ataque especulativo esteja por trás da desvalorização recente do real. “Nós temos um câmbio flutuante e, neste momento em que as coisas estão pendentes, tem um clima de incerteza que faz o câmbio flutuar. Mas eu acredito que ele vai se acomodar”, disse Haddad ao sair do ministério para uma reunião com o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco.
Para 78% dos agentes econômicos, o cenário das contas públicas do país piorou entre as reuniões de novembro e dezembro do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC), mostrou um questionário realizado antes do encontro. Outros 14% apontaram que não houve mudanças relevantes no panorama, enquanto apenas 8% enxergaram melhora. O resultado marca uma piora na percepção do mercado.
Em novembro, 38% dos respondentes avaliaram que a situação fiscal havia piorado. De lá para cá, o que mexeu com o debate fiscal foi o anúncio de um aguardado pacote de contenção de gastos pelo governo federal. A mediana apurada pelo Banco Central (BC) em seu questionário pré-Copom é de que o pacote fiscal deve surtir um impacto de R$ 17,8 bilhões em 2025 e de R$ 25,5 bilhões em 2026, num total de R$ 43,3 bilhões entre os próximos dois anos.