Em sabatina, Gabriel Galípolo destaca autonomia do BC e compromisso com a população

Ele elogiou a atuação do Banco Central e reafirmou compromisso com o controle da inflação

Foto: Edilson Rodrigues/Agência Senado

Indicado por Lula para a presidência do Banco Central, o economista Gabriel Galípolo declarou ter recebido o apoio do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, e dos senadores com quem conversou para liderar uma gestão independente e direcionada “exclusivamente ao povo brasileiro”. A afirmação aconteceu nesta terça-feira (8) durante a Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado.

“Toda vez que me foi concedida a oportunidade de encontrar o presidente Lula, eu escutei de forma enfática e clara a garantia da liberdade na tomada de decisões”, disse Galípolo. “Todas as conversas com senadoras e senadores, de todos os partidos, independente de posição, também foram no sentido de assegurar liberdade na gestão e demandar compromisso com o nosso povo e nosso país,” disse o economista.

Em sua fala de abertura, Galípolo elogiou a atuação do Banco Central e reafirmou o compromisso com o controle da inflação.

“O Brasil é reconhecido por sua estabilidade monetária e financeira. Durante os últimos 12 meses, foi possível observar inflação no Brasil em patamares equivalentes aos das economias mais desenvolvidas e estáveis do mundo. Nós vamos estar sempre sujeitos a momentos mais desafiadores, mas a atuação do Banco Central tem sido inequívoca na percepção da meta de inflação estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional,” afirmou.

A expectativa é de que seu nome seja analisado pelo plenário do Senado ainda hoje, com previsão de uma aprovação tranquila. Durante a sabatina, os senadores deverão questionar o economista sobre temas como o combate à inflação, a independência do Banco Central e os impactos dos conflitos internacionais na economia brasileira.

O presidente da Comissão de Assuntos Econômicos (CAE), Vanderlan Cardoso (PSD-GO), destacou a importância da autoridade monetária brasileira e ressaltou sua função estratégica para o país. O senador também destacou o trabalho da comissão e afirmou que a política externa passa por turbulências, com conflitos entre países e mudanças no mercado do petróleo, alimentos e fertilizantes, o que pode causar reflexos no Brasil.

A confirmação de seu nome para a presidência do Banco Central é uma prioridade do governo esta semana. Na segunda-feira (7), o ministro-chefe da Secretaria de Relações Institucionais, Alexandre Padilha, demonstrou otimismo quanto à aprovação do Galípolo. O economista também se reuniu com o presidente Lula e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, no Palácio da Alvorada.

Galípolo já deixou claro nas declarações anteriores que manterá uma postura conservadora à frente da autoridade monetária, afirmando que o Banco Central deve evitar riscos arriscados. Ele destacou a importância de “zelar pela moeda” e buscar um equilíbrio entre oferta e demanda na economia.

Indicação de Galípolo foi oficializada em agosto

A indicação de Gabriel Galípolo para a presidência do Banco Central foi formalizada pelo governo federal em 28 de agosto. Atualmente, Galípolo é diretor de Política Monetária do Banco Central. O atual presidente da instituição, Roberto Campos Neto, que foi nomeado durante o governo de Jair Bolsonaro, permanecerá no cargo até o final de seu mandato, em 31 de dezembro deste ano.

Galípolo já atua como diretor de Política Monetária do Banco Central, cargo para o que foi indicado por Lula em 2022 e aprovado pelo Senado. Ele já trabalhou no Centro Brasileiro de Relações Internacionais, na Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) e no Banco Fator. Além disso, foi secretário de Economia e de Transportes do estado de São Paulo.

No dia que sua indicação foi oficializada, em uma breve declaração à imprensa, Galípolo ressaltou a honra e a responsabilidade de ter sido indicado para o cargo de presidente do Banco Central pelo ministro Fernando Haddad e pelo presidente Lula. No entanto, destacou que a aprovação ainda depende do Senado, motivo pelo qual prefere ser breve.

Governo prepara novas agendas para a diretoria do BC
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, anunciou que o governo irá avaliar outros três nomes para compor a diretoria do Banco Central até o final deste ano. Ele afirmou que a decisão será tomada junto ao presidente Lula, e que o Senado é responsável por agendar as sabatinas. O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, discutiu o cronograma com Haddad, mas a marcação e realização das sabatinas seguem o ritmo do Senado.

Primeira sabatina de presidente do BC com mandato fixo

Se aprovado pelo Senado, Gabriel Galípolo assumirá a presidência do Banco Central a partir de janeiro de 2025, substituindo Roberto Campos Neto. Esta é a primeira indicação para o cargo após a promulgação da Lei Complementar 179, de 2021, que aumentou a autonomia da instituição e fixou mandatos para seus diretores. De acordo com o artigo 52 da Constituição, a indicação de qualquer diretor do Banco Central passa por sabatina e votação secreta no Senado, tanto na CAE quanto no Plenário.

Autonomia do Banco Central e os critérios para nomeação

Com a Lei Complementar 179, o Banco Central adquiriu autonomia operacional, administrativa e financeira. O presidente da instituição é nomeado pelo presidente da República durante o mandato, mas deve ser aprovado pelo Senado.

Um presidente do BC só pode ser exonerado em quatro situações: no pedido próprio, por incapacidade decorrente de enfermidade, após declarações judiciais definitivas, ou se o desempenho for considerado insuficiente para atingir os objetivos da instituição. Neste último caso, a exoneração precisa ser aprovada pela maioria absoluta do Senado.