O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta quinta-feira (15) que Nicolás Maduro deve uma explicação sobre as eleições na Venezuela e voltou a cobrar a divulgação total das atas eleitorais do pleito de 28 de julho. O brasileiro sugeriu, ainda, a realização de um novo pleito no país. Até o momento, o Brasil não reconheceu a vitória do presidente venezuelano, tampouco endossou a suspeita de fraude.
“Eu não posso dizer que a oposição foi vitoriosa, porque eu não tenho os dados. E muito menos que o Maduro foi vitorioso, porque eu não tenho os dados. Eu não quero me comportar de forma apaixonada e precipitada. Eu quero resultado”, afirmou Lula. “Ainda não [reconheço o resultado eleitoral]. Ele sabe que está devendo uma explicação para a sociedade brasileira e para o mundo. Ele sabe disso”, completou.
A declaração foi dada durante entrevista para uma rádio paranaense. Lula comentou que havia conversado com Maduro antes da eleição e, na época, defendeu que o processo tivesse transparência para garantir a legitimidade do pleito. Segundo o brasileiro, a medida poderia possibilitar, no futuro, um eventual pedido de suspensão das sanções aplicadas ao regime venezuelano.
Na entrevista, Lula falou também sobre a realização de uma nova eleição na Venezuela para resolver o impasse. “Se ele tiver bom senso, ele poderia tentar fazer uma conclamação ao povo da Venezuela, quem sabe até convocar novas eleições, estabelecer critério de participação, criar comitê e deixar que entre olheiros do mundo inteiro”.
O Brasil, a Colômbia e o México vinham atuando como mediadores do impasse venezuelano. No entanto, o governo de López Obrador se afastou da iniciativa conjunta dos três países. Agora, Lula e o colombiano Gustavo Petro tentam resolver a situação. “Ontem eu tive uma reunião com o presidente da Colômbia, anteontem eu tive reunião com a Colômbia e o México. Só tem uma coisa: tem que apresentar os dados. E os dados precisam ser apresentados por alguém que seja confiável”.
Eleição
O CNE (Conselho Nacional Eleitoral), órgão venezuelano responsável pelo pleito, proclamou a reeleição de Maduro no dia seguinte à votação. No entanto, como as autoridades da Venezuela não apresentaram as atas das eleições, o resultado não é aceito por parte da comunidade internacional nem pela oposição ao chavista.
Até o momento, o Brasil não negou nem aceitou a reeleição de Maduro. Não há consenso na América Latina sobre as eleições venezuelanas. Há, no continente, ao menos três opiniões — algumas nações já aceitaram a suposta reeleição de Maduro, como Bolívia e Cuba; outras já negaram, como Argentina, Chile, Paraguai e Peru; e ainda há um terceiro grupo, que não nega nem aceita a vitória do chavista, como Brasil, Colômbia e México.