Defesa Civil nega triagem de usuários e gera impasse na véspera do reinício emergencial da Trensurb

Diretor-presidente da estatal, Fernando Marroni, havia sugerido que órgão estadual indicasse funcionários de serviços essenciais aptos a acessar o sistema

Foto: Rodrigo Thiel / Especial CP

A Defesa Civil Estadual disse não ser sua atribuição a possível triagem de passageiros aptos a utilizarem a Trensurb, em princípio, a partir desta quarta-feira, data prevista para reiniciar a operação emergencial dos trens, ou que o órgão informe à estatal de trens quem seriam as pessoas aptas a acessarem as composições. A situação gera um impasse a menos de 24 horas do recomeço do serviço, previsto para a manhã desta quarta-feira. A ideia de que a Defesa Civil pudesse assumir tal responsabilidade temporária foi dita reiteradas vezes pelo diretor-presidente da Trensurb, Fernando Marroni, inclusive ontem, quando a Metroplan confirmou o apoio de ônibus a partir da estação Mathias Velho, em Canoas, por ora o destino final dos trens, até o Terminal Conceição, em Porto Alegre.

“Quem tem que fazer todo esse processo (de recebimento dos usuários) é a Defesa Civil, é obrigação deles”, chegou a dizer o diretor-presidente. Questionada sobre o posicionamento da Defesa Civil, a Trensurb disse apenas que fará uma coletiva à imprensa para detalhar este recomeço. A intenção da empresa de trens é autorizar apenas profissionais considerados de serviços essenciais, como “segurança, saúde, comunicação, incluindo imprensa, e energia”, segundo disse Marroni ontem ao Correio do Povo.

Isto seria benéfico, segundo ele, por dois motivos: liberar para circulação apenas pessoas cujo trabalho é estritamente necessário neste momento de crise, nos mesmos moldes como foi feito no começo da operação do corredor humanitário de Porto Alegre, e ainda testar a própria circulação dos vagões, que, de acordo com o diretor-presidente, deverão operar com um quarto de usuários de antes da enchente, ou 30 mil ante 120 mil, em média. Uma fonte não ligada à Trensurb, mas relacionada com o reinício da operação, indicou que a resolução do impasse poderia ocorrer somente se todos os usuários fossem liberados já desde amanhã.

A sugestão da Defesa Civil foi dada após Marroni ser perguntado como a Trensurb poderia saber quem, de fato, trabalha nas áreas citadas por ele. Segundo ele, isto poderia ocorrer mediante um “credenciamento” junto ao órgão estadual ou o porte de uma espécie de “crachá”. Até o momento, já houve a confirmação de que os trens vão circular das estações Novo Hamburgo à Mathias Velho com intervalos de 30 minutos entre as composições, e as viagens vão durar também 30 minutos, ante 12 minutos neste trecho em períodos normais, antes da enchente. A operação será somente das 8h às 18h.