Moradores de Eldorado do Sul reivindicam distribuição de alimentos, colchões e materiais de limpeza

Famílias protestaram hoje em frente à Prefeitura; moradores reclamam da quantidade de entulhos que ainda estão espalhados pela cidade

Revoltados, moradores protestam por ações mais céleres e eficazes | Foto: Erika Renata da Silva / Divulgação / Especial CP

Moradores de Eldorado do Sul que tiveram suas casas invadidas pela água durante a maior tragédia climática que assolou o Rio Grande do Sul realizaram na manhã desta sexta-feira um protesto em frente ao prédio da Prefeitura reivindicando distribuição de alimentos, colchões e materiais de limpeza para que possam ao menos pernoitar no interior de seus imóveis. A moradora Silvia Regina Silveira de Carvalho diz que as doações não estão chegando para os moradores e que as pessoas literalmente estão passando necessidade. “Não estamos recebendo nada da Prefeitura. Eles estão estocando materiais e comida. As doações que chegam para a comunidade são feitas através das igrejas. As pessoas estão passando fome e frio, pois voltam para suas casas, completamente vazias e não há um colchão para que possam dormir. Nossa cidade está devastada e totalmente destruída. Não temos a quem recorrer.”

Erika Renata da Silva relata que o descaso do poder público também é percebido ao caminhar nas ruas. “Não está sendo feito o recolhimento de lixo, entulhos e há muitos animais mortos pela cidade. É extremamente importante que os gestores se levantem e façam algo por nós. Nossa situação é muito grave. Nós só queremos que nossa cidade seja reconstruída, que nossas vidas se reconstruam.” Gustavo Ramos, outro morador que participou na manifestação e que perdeu completamente tudo dentro de casa, diz que o descaso da Prefeitura para com as necessidades da população é um absurdo. “O cadastramento é uma bagunça, eles estão negando entrega de mantimentos enviados para o povo. Queremos respostas.”

Larissa Oliveira dos Santos, que tem casa no bairro Cidade Verde, em Eldorado do Sul, mas atualmente está abrigada no bairro Rubem Berta, em Porto Alegre, confirma os relatos. “Não tem condições de iniciar a limpeza nas casas porque a Prefeitura não está disponibilizando os materiais de limpeza. O povo é quem se ajuda. A prefeitura está sendo negligente e a população está revoltada com razão. Há pessoas doentes e não há Hospital de Campanha. Estamos esquecidos.”

ENTREGA DE MARMITAS OCORRE DIARIAMENTE EM TRÊS LOCAIS

A Prefeitura informou que as doações estão sendo distribuídas para as famílias atingidas. O Centro Municipal de Atendimento Integrado é um dos principais pontos de distribuição. A entrega de marmitas ocorre diretamente a partir das 13h30min, em três pontos: em frente à Escola Geise Mery, no Centro Novo, em frente à antiga Ferragem Magnus, na Sans Souci, e no Centro Municipal de Atendimento Integrado (CEMAI).

A Defesa Civil Municipal está distribuindo cestas básicas e kits de material de limpeza. As entregas ocorrerão após o término da onda de chuvas. O primeiro bairro a ser atendido será o Centro Novo, com as doações sendo realizadas diretamente nas residências dos moradores. Em breve, serão divulgadas as datas e a sequência dos próximos bairros a serem contemplados. A Secretaria Municipal de Obras e Viação está, desde que as águas começaram a baixar, trabalhando intensamente na limpeza da cidade. As ações incluem a retirada dos resíduos descartados nas vias pelos moradores e a remoção da areia acumulada nas ruas do bairro Itaí. Além disso, os servidores recolhem um grande número de animais mortos encontrados na cidade.

O vice-prefeito de Eldorado do Sul, Ricardo Alves, disse que todos os setores da prefeitura estão atuando 100%, mas infelizmente a cidade foi muito atingida pelo evento climático. “Não é por falta de vontade, mas não estamos dando conta. Entendemos a revolta da comunidade. Hoje a prioridade é a distribuir alimentos para as pessoas que estão abrigadas fora de suas casas. Ainda há cerca de 10 mil pessoas fora de casa.” Segundo o vice-prefeito, a aquisição de produtos de limpeza é difícil e já está em falta no mercado nas cidades da Região Metropolitana, diante da grande demanda. “Nossa cidade foi muito destruída, cerca de 30% da parte urbana ainda tem água acumulada.”