Se no começo o Guaíba paralisou Porto Alegre, passados mais de 20 dias, a água atravanca caminhos, mesmo onde ela já deixou. A cidade se reorganiza como pode, novos caminhos foram literalmente criados, porém os motoristas que circulam pela Capital enfrentam dias de verdadeiro caos no trânsito.
Nesta Porto Alegre caótica, até mesmo onde a água ficou quilômetros de distância, circular de carro ou ônibus é uma tarefa desafiadora. Exemplos são as avenidas Bento Gonçalves e Baltazar de Oliveira Garcia, por semanas os únicos caminhos possíveis para quem precisava chegar ou sair da cidade.
Em dias normais, qualquer boletim de trânsito de início de manhã ou fim de tarde reporta congestionamentos na Baltazar. Pois a ligação com Alvorada atualmente é o caminho obrigatório para quem está na zona Norte. O Pedro Alencastro Silva, 48 anos, mora no Jardim Lindóia e trabalha em Gravataí. Sem as alças da Assis Brasil liberadas para a BR 290, resta encarar longas e demoradas filas entre a Capital e a ERS 118.
A Bento Gonçalves tem realidade idêntica. Lentidão, arranca e para somado com impaciência ao volante, perfazem uma combinação mais que indesejada. O caminho que também permite chegar à ERS 040 e depois à ERS 118 por Viamão concentra a Rodoviária que opera de forma emergencial no terminal Antônio de Carvalho. “É três vezes mais carros que o normal”, acredita o Eduardo Castro, 36 anos, morador de Viamão.
Os dias complicados ao volante não são exclusivos da zona Norte. Na zona Sul, a avenida Guaíba segue com muitos pontos alagados, exigindo longos desvios. Quem circula por lá, precisa de paciência extra.
A região central, eixo Assis Brasil, Sertório e Quarto Distrito também permanecem com vias bloqueadas. É possível trafegar apenas em trechos da Avenida Farrapos, alguns deles em escuridão total. Cairu, Brasil, Souza Reis, Voluntários da Pátria, todos caminhos vitais para a região continuam sem previsão de liberação. Sete de Setembro, Júlio de Castilhos, Beira Rio, atualmente todas pertencem ao Guaíba.
Enquanto Porto Alegre aguarda a liberação de suas vias, quem observa o trânsito enxerga uma desordem causada ainda por semáforos desligados, móveis jogados às ruas, buracos deixados pela água, lodo e até egoísmo. “No salve-se quem puder, motos circulam sobre calçadas e pessoas caminham pelo asfalto. Onde não há opção, a trafegar pela contramão é parte da rotina de caos que predomina em Porto Alegre.