Paulo Pimenta aborda desafios e prioridades na reconstrução do RS

Ministro escolhido por Lula para trabalhar Ministério Extraordinário de Reconstrução do Rio Grande do Sul concedeu entrevista à Rádio Guaíba

Foto: Força Aérea Brasileira/Divulgação

Nomeado pelo presidente Lula como titular do Ministério Extraordinário de Reconstrução do Rio Grande do Sul, o ministro Paulo Pimenta concedeu uma entrevista à Rádio Guaíba nesta quinta-feira, abordando uma série de temas cruciais para o estado, que enfrenta graves consequências devido às recentes enchentes. Além da situação crítica do Aeroporto Internacional Salgado Filho, que permanece fechado há mais de 10 dias e deve levar cerca de seis meses para ser reaberto, Pimenta discutiu desafios, prioridades e o trabalho de recuperação em curso.

Para Pimenta, a nomeação para liderar a reconstrução do estado representa um dos maiores desafios de sua carreira. “Este é um momento dramático que nenhum gaúcho imaginou que veria. Acompanhei de perto a enchente no Vale do Taquari no ano passado e ouvi minha vida inteira sobre a enchente histórica de 1941. Parecia algo intransponível, diante de tantos avanços tecnológicos”, afirmou. Ele refletiu sobre as dificuldades enfrentadas e enfatizou a perda de vidas como o aspecto mais trágico da situação. “Só o que nós não temos como trazer de volta são as vidas que nós perdemos”, pontuou.

Em relação ao impacto nas residências, o ministro destacou a necessidade de reconstrução, embora ainda não haja uma estimativa precisa do número de casas afetadas. “Estamos ainda numa situação em que não temos como afirmar quantas casas terão que ser construídas”, explicou.

Durante a entrevista, Pimenta também mencionou a importância do apoio às prefeituras locais. Ele teve uma reunião com prefeitos da Região Metropolitana de Porto Alegre (RMPA) para discutir medidas de apoio. “A prioridade hoje é ajudar as prefeituras a trazer bombas de outros estados e fechar os diques para que a água possa ser escoada”, disse.

O ministro destacou o trabalho incansável dos voluntários como um dos pilares da recuperação. “O trabalho dos voluntários é algo que merece ser aplaudido de pé. Eles estão fazendo comida, recreação para crianças, limpeza e ajudando idosos. Mas isso não vai durar para sempre e o estado vai ter que fazer sua parte”, reconheceu.

Entre as prioridades estabelecidas, Pimenta destacou a busca pelos desaparecidos e a necessidade de retirar a água e fechar os diques. “Ainda temos 150 pessoas desaparecidas, então, enquanto houver pessoas desaparecidas, o trabalho não pode parar. Em segundo lugar, precisamos tirar essa água, fechar o dique, porque as pessoas precisam saber se podem voltar para casa”, afirmou.

O ministro destacou ainda os esforços para desburocratizar e identificar gargalos na reconstrução. “No Vale do Taquari, mais de 1.600 casas contratadas estão paradas. Mas Deus escreve certo por linhas tortas, como diz o ditado, porque, se não estivessem paradas, a água teria levado tudo embora”, comentou.

Sobre as iniciativas de apoio habitacional anunciadas pelo presidente Lula, o ministro explicou que as pessoas que ganham na faixa do Minha Casa Minha Vida 1 e 2, com renda mensal até R$ 4.400, serão contempladas com novas moradias. “São mais de 93% da população. Entretanto, para o restante, garantimos que também serão contemplados com um subsídio”, afirmou. No entanto, ele destacou que ainda é cedo para detalhar as medidas, pois “não temos como falar em reforma com as casas dentro da água”.

Pimenta também abordou a necessidade de modernizar as infraestruturas críticas. “Essas máquinas (estações de bombeamento) são da década de 60 e 70. Estamos falando de máquinas com mais de 50 anos. Não sabemos nem se temos peças de reposição para essas máquinas”, alertou.

O ministro descartou inimizade com o governador Eduardo Leite, brincando que votou nele para governador, e destacou as ações em Santa Maria, sua terra natal. “Empenhamos mais de R$ 9,7 milhões para a reconstrução de todas as pontes que caíram no interior. Já liberamos recursos para contratação emergencial onde a prefeitura apresentou plano de trabalho”, afirmou.

Ao finalizar, Pimenta mencionou que não queria entrar em polêmicas com o prefeito de Farroupilha (que publicou um vídeo de uma conversa entre os dois) sobre o decreto de calamidade, explicando que a decisão cabe ao governo estadual. Ele também destacou que terá reuniões com clubes das séries A, C e D do Campeonato Brasileiro para discutir a retomada das equipes, além de planos para apoiar a cultura, que foi um dos primeiros setores a parar.

O ministro ainda planeja reuniões com a Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul (FIERGS), federações de trabalhadores e o Ministério do Turismo para coordenar ações de reconstrução e recuperação econômica.