Policial civil teria admitido autoria de disparo em morte de adolescente na zona Leste de Porto Alegre, diz corregedor

Corregedoria ainda apura contexto da morte de João Vitor Macedo, de 15 anos

Corregedoria da Polícia Civil investiga morte de adolescente na zona Leste de Porto Alegre | Foto: Marcel Horowitz / Especial CP

A Polícia Civil anunciou, na manhã desta sexta-feira, que foi identificado o agente suspeito de efetuar o disparo que matou João Vitor Macedo, de 15 anos, no final de março, na zona Leste de Porto Alegre. O agente teria confessado participação no ocorrido, porém a instituição ainda apura a motivação e o contexto dos fatos. De acordo com familiares do jovem, ele teria sido rendido e executado por policiais.

O corregedor de Polícia, delegado Rafael Soccol Sobreiro, afirmou que há indicativos do envolvimento do policial na morte do adolescente, mas adicionou que ainda não é possível definir o caso como execução.

“Temos ele no local [da morte] e a palavra dele, inclusive, confessando em um determinado contexto. É esse contexto que estamos apurando. O juízo que vamos fazer sobre a morte depende do contexto que ela foi realizada. Tudo isso ainda está dependendo das provas de verificação, por isso que ainda não temos autoria de um homicídio, temos um indicativo muito forte”, ponderou o delegado.

Ainda segundo o corregedor, o agente está abalado e passa por tratamento psicológico. Foi dito também que ele colabora com as investigações e, após passar 10 dias afastado, deverá ser realocado em uma função administrativa.

Relembre o caso

De acordo com Juliana Macedo, mãe do adolescente morto, o fato ocorreu na noite de 28 de março, no bairro Agronomia. Ela conta que o filho e outro jovem, de 14 anos, foram perseguidos por uma viatura da Polícia Civil na avenida Bento Gonçalves.

Na versão dela, a perseguição se deu após João Vitor, que já havia cumprido medida socioeducativa, ter fugido da abordagem. Ele e o outro adolescente teriam corrido na direção do Beco dos Marianos, que fica ao lado da Escola Desidério Torquato Finamor, onde a vítima estudava. O segundo jovem teria conseguido pular dentro de um valão e fugiu.

A mãe relata que João Vitor foi morto com um disparo na região do peito, mesmo após ter se rendido.

“O menino que conseguiu fugir me contou que policiais civis tinham matado meu filho e, em um primeiro momento, não acreditei. Mesmo que ele estivesse fazendo alguma coisa errada, o correto seria que fosse apreendido, não morto. João Vitor já estava com as mãos na cabeça quando foi baleado”, disse Juliana.

Ainda segundo a mulher, o filho foi socorrido por um familiar, que o encontrou caído no chão e alertou um grupo de religiosos que passava na localidade. Ele chegou a ser levado ao Hospital de Pronto Socorro com vida, mas morreu durante atendimento.

A Polícia Civil aponta que uma câmera de segurança no Beco dos Marianos gravou o momento em que os dois jovens fogem de uma viatura, com o giroflex ligado. Após, as imagens mostram apenas um dos adolescentes correndo no sentido contrário e, em seguida, o veículo com giroflex desligado. O momento dos disparos não foi registrado.