Muitos brasileiros estão se perguntando: por que o dólar superou os R$ 5? Na verdade, essa pequena oscilação, até então pequena, é algo normal. Entretanto, fica a percepção de que o valor era uma barreira, mas pensando em percentual, ele está numa volatilidade ainda sustentável. Para Bruno Corano, economista e investidor da Corano Capital é possível observar que houve uma valorização da moeda norte-americana nos últimos dias frente a diversas outras moedas, em especial de economias mais fragilizadas. O dólar comercial fechou o pregão desta terça-feira, 19, com um desempenho de alta de 0,07%, cotado a R$ 5,02.
“E isso se deve à manutenção dos juros altos e de particularidades do momento. Do momento, eu digo, é realmente de balança cambial. A gente tem que lembrar que é muito comum no segundo semestre ter mais entrada do que saída. E no primeiro semestre é muito comum ter mais saída do que entrada. Se olharmos historicamente, a não ser que tenha um grande motivador, o dólar tende a se valorizar um pouquinho mais no primeiro semestre e se desvalorizar no segundo. Isso em situação controlada de temperatura e pressão”, diz Corano.
Para ele, isto é o que está acontecendo agora. “Então eu não acho que a barreira dos R$ 5 tem que ser considerada algo relevante”. Um dos cenários que afeta a cotação é a movimentação do capital estrangeiro do país, seja de saída ou entrada. Dados da Bolsa de Valores brasileira, a B3, mostram que desde o início de 2024, estrangeiros têm retirado dinheiro no país: no acumulado ano, o déficit supera os R$ 20 bilhões. O dólar, como commodity financeira, tem seu preço diretamente influenciado pela oferta e demanda, o que significa que um menor volume de dólares disponíveis no mercado, a cotação aumenta.
Há ainda um cenário a ser observado: a política monetária dos Estados Unidos. Para André Vasconcellos, vice-presidente do Conselho do Instituto Brasileiro de Relações com Investidores (Ibri), o aumento do dólar está relacionado principalmente à inflação nos Estados Unidos, que pressiona a curva de juros. Assim, o dólar tem chance de continuar variando para cima quanto menor for a diferença entre as taxas de juros brasileira e norte-americana. Mantido um cenário mediano, tanto aqui quanto lá, é possível a manutenção da cotação entre algo próximo dos R$ 4,85 podendo chegar a R$ 5,15.
O dólar não ficava acima dos R$ 5 desde outubro do ano passado. O último Boletim Focus, divulgado pelo Banco Central nesta terça-feira, 19, indica que o mercado financeiro estima que o câmbio encerre o ano em R$ 4,95. Pelo menor por hora.