Greve dos rodoviários diminui circulação de ônibus em Esteio

Segundo o sindicato, a greve deve seguir até que as reivindicações da categoria sejam atendidas

Foto: Jeandro Michael / Rádio Guaíba

Os rodoviários de Esteio entraram em greve nesta segunda-feira. Paralisaram as atividades funcionários das empresas Real Rodovias, responsável pelo transporte intermunicipal, e Viação Hamburguesa, que cuida das linhas dentro da cidade. Eles fazem manifestações em frente às garagens das companhias. 

Segundo sindicato da categoria, a greve é motivada pela alegação de que antes da pandemia, os trabalhadores tinham vale-refeição de R$ 30 por dia e um adicional de dupla função de 15% do piso para os motoristas que dirigem e cobram.

O tesoureiro do sindicato dos rodoviários, Wilson Caetano, disse que, durante a pandemia de covid-19, os empresários solicitaram aos trabalhadores a redução desses benefícios para que o transporte não entrasse em colapso e os empregos fosse mantidos. ão colapsasse o transporte e para que houvesse a manutenção dos empregos. 

“Os trabalhadores, na verdade, querem a recomposição desses valores que foram suprimidos lá no período da pandemia e as empresas, por sua vez, tanto a Viação Hamburguesa quanto a Real Rodovias, as duas juntas receberam  subsídio de dinheiro público, tanto da prefeitura de Esteio quanto do Governo do Estado, mais de R$ 10 milhões. Mesmo com esse valor, não repassaram nada para os trabalhadores referente aos benefícios que eles já tinham. Então a luta aqui é pela recomposição de valores de três anos atrás. Na verdade não é nem aumento do salário e sim a recomposição daquilo que eles já tinham”, afirmou Caetano.

As empresas alegam dificuldades decorrentes da pandemia de covid-19 e da concorrência de outros meios de transportes, que teriam causado uma queda no número de passageiros. Segundo o sindicato, a greve deve seguir por tempo indeterminado, até que chegue uma proposta que atenda ao que a categoria está reivindicando.

A greve já afeta a população. Com o número reduzido de ônibus, muitos moradores esperavam por um longo tempo nas paradas na manhã desta segunda-feira. Daiane Vargas foi uma das que sentiu a diferença. A funcionária pública, que começa a trabalhar às 9h, conversou com a reportagem às 9h10 da manhã, ainda na parada de ônibus.

“Estou indo para o trabalho, já era para eu estar lá, inclusive, mas, enfim, nem me dei conta da questão da greve e estou aqui parada, esperando há mais de 40 minutos”, afirmou Daiane.

O Tribunal Regional do Trabalho da 4ª Região definiu percentual mínimo de transporte coletivo para a população durante a greve. Em decisão desse domingo, o vice-presidente do TRT-4, desembargador Alexandre Corrêa da Cruz, determinou a manutenção dos serviços essenciais de transporte coletivo. Nos horários de pico, das 5h30 às 8h30 e das 17h30 às 20h30, 35% da frota deve funcionar. Nos demais horários, a exigência é de 15%

Sobre a greve, o prefeito de Esteio, Leonardo Pascoal, se manifestou através das redes oficiais nesta segunda-feira.

“O Sindicato dos Rodoviários, de forma chantagista, como de costume, anunciou estado de greve para esta segunda-feira, por não concordar com a proposta de reajuste oferecida pela empresa Viação Hamburguesa. Tenho certeza que essa não é a posição de todos os motoristas da empresa, que acompanham diariamente a queda de passageiros e são sensíveis ao momento do transporte coletivo. Porém, a entidade, em audiência, chegou a dizer que a redução no serviço deveria ser grande, pois do contrário a população não iria sentir o impacto da greve. Essa é a preocupação deles, que as pessoas sejam prejudicadas.”

Conforme Pascoal, ainda na nota, os grevistas deverão ter seus contratos de trabalho suspensos, o que resultará no desconto salarial no período da greve, e pontuou que a Prefeitura não pagará o subsídio referente a isso.

“Cabe lembrar que o transporte público vem apresentando situação deficitária há anos, sendo mantido com recursos da administração municipal, a exemplo de outras cidades. Estamos monitorando a situação, tomando as medidas administrativas e judiciais cabíveis e atuaremos com nossa fiscalização para que este serviço essencial seja mantido.”