Barras de ferro na cela e prisão de suspeitos: buscas por dupla que fugiu no RN chegam ao 11º dia

Força Nacional iniciou operação para procurar fugitivos; detentos são suspeitos de terem ligações com o Comando Vermelho, no Acre

Foto: Depen / Divulgação

As buscas pelos dois detentos que fugiram da penitenciária federal de Mossoró, no Rio Grande do Norte, completam 11 dias neste sábado (24). Deibson Cabral Nascimento e Rogerio da Silva Mendonça — suspeitos de terem ligações com a facção criminosa Comando Vermelho, no Acre — conseguiram escapar na madrugada do último dia 14.

Eles são os primeiros detentos da história a fugir de uma prisão de segurança máxima do sistema prisional federal. A unidade em Mossoró abriga 68 detentos, sendo o segundo menor quantitativo de uma penitenciária federal, atrás apenas da de Brasília (DF).

A Força Integrada de Combate ao Crime Organizado no Acre prendeu, nessa sexta (23), o irmão de um dos fugitivos. O homem é condenado por roubo e participação em organização criminosa e estava com mandado de prisão em aberto. Os policiais chegaram até ele durante as investigações sobre a fuga dos dois homens.

Na quinta (22), três pessoas foram presas em flagrante por supostamente terem facilitado a fuga de detentos no presídio de segurança máxima de Mossoró. As prisões teriam ocorrido em flagrante na divisa entre o Rio Grande do Norte e o Ceará. Foram apreendidas armas, drogas, munições e um carro suspeito de ter sido usado para fornecer armas aos criminosos durante a fuga.

Segundo a Polícia Federal, também foram cumpridos nove mandados de busca e apreensão nas cidades de Mossoró, Quixeré (CE) e Aquiraz (CE).

Reféns

No último dia 16, os presos chegaram a fazer uma família refém em um local a 15 km da prisão. Segundo fontes da RECORD, os criminosos invadiram uma casa, onde ficaram por cerca de quatro horas, pediram comida e roubaram um celular. Em seguida, deixaram o endereço.

O ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandoswski, foi ao Rio Grande do Norte na manhã do último domingo (18) para acompanhar as buscas. Ele foi acompanhado do diretor-geral da Polícia Federal em exercício, Gustavo Souza, e foi recebido pela governadora do estado, Fátima Bezerra, e pelo secretário Nacional de Polícias Penais, André Garcia.

Lewandoswski afirmou que o episódio de fuga de dois detentos da prisão de segurança de Mossoró (RN) “não afeta, em hipótese nenhuma, a segurança das cinco unidades prisionais federais”. O ministro, porém, admitiu que “é um problema localizado e será superado em breve com a colaboração de todos”.

500 agentes nas buscas

Ainda de acordo com o ministro, 500 agentes atuam por dia nas buscas pelos dois fugitivos. As equipes estão divididas em dois turnos, com 250 pessoas atuando durante o dia e 250 à noite.

Lewandowski disse que as buscas ocorrem em um cenário que não é vantajoso. “O terreno é difícil e as condições são desfavoráveis. Acabamos de ter uma chuva torrencial que dificulta as buscas, inclusive, de identificar os rastros de presos”, disse. Ele acrescentou que os drones de calor têm dificuldade de identificar sinais se os presos estiverem escondidos em grutas e cavernas, por exemplo.

O ministro disse que as possíveis falhas das prisões federais estão sendo corrigidas e que a unidade de Mossoró “voltou a ser absolutamente segura e apta para custodiar os detentos”. Afirmou também que a pasta vai iniciar a construção de muros mais altos no município e que as demais medidas, como reconhecimento fácil, sensores de presença e contratação de mais policiais penais federais estão sendo providenciadas.

Barras de ferro foram instaladas nas luminárias. Isso porque os dois detentos conseguiram escapar após retirarem a luminária de uma cela e fazerem um buraco na parede.

Além disso, os responsáveis pelas áreas de inteligência da penitenciária foram afastados do cargo de chefia. Segundo a decisão da corregedoria, eles vão permanecer fora das funções até a conclusão das investigações da fuga. A portaria é assinada pela corregedora-geral da Secretaria Nacional de Políticas Penais, Marlene Inês da Rosa.