Vazamento de gás de fogão causou explosão em condomínio na zona Norte de Porto Alegre, diz IGP

Laudo atesta que um dos botões de controle de queimaduras estava em posição que permitia a liberação do gás

Foto: Maria Eduarda Fortes

Um exame pericial do IGP apontou que a deflagração de gás de cozinha provocou a explosão em um imóvel na rua Inocêncio de Oliveira Alves, no bairro Rubem Berta, na zona norte de Porto Alegre, no dia 4 de janeiro. De acordo com o laudo ao qual o Correio do Povo teve acesso, o vazamento ocorreu em um fogão do tipo cooktop, localizado dentro do apartamento 303, no bloco 10, do Condomínio Alto São Francisco. A análise atesta que um dos botões de controle de queimaduras estava em posição que permitia a liberação do gás.

Ainda segundo o documento, não foi possível identificar ‘de forma técnica e inequívoca’ o fator ignitor da explosão. No entanto, uma das causas apontadas foi contato da instalação elétrica e equipamentos eletrônicos energizados com a superfície aquecida do fogão.

Tiago Lemos, de 38 anos, morava na unidade que explodiu. Ele foi internado com queimaduras em 90% do corpo e morreu após quatro dias, devido à falência múltipla de órgãos.

A perícia destaca ainda que não houve vazamentos no kit central de gás, que é ligado aos demais apartamentos. Em outras palavras, o IGP concluiu que o acidente foi causado por uma das cinco bocas do fogão, que foi deixada aberta.

A torre 10, onde ocorreu a explosão, está desocupada e será demolida. Além disso, outras três torres (9, 11 e 12) seguem interditadas por risco de colapso da torre 10. No início da semana, moradores decidiram retornar aos apartamentos da torre 12, mesmo com a recomendação contrária das autoridades. A Defesa Civil de Porto Alegre afirmou estar ciente do retorno deles. A instituição, no entanto, afirma não ter autoridade para retirá-los.

A Polícia Civil não quis se manifestar sobre o laudo. A corporação afirmou que será aguardada a conclusão do inquérito policial, para a divulgação da investigação completa. A previsão é que a apuração do caso seja concluída nos próximos dias.

Na data da explosão, o Corpo de Bombeiros Militar foi acionado para atender o vazamento de GLP (gás liquefeito de petróleo). A ocorrência acabou evoluindo para uma explosão que derrubou parte da parede da residência atingida. O acidente deixou nove pessoas feridas, incluindo três soldados.

No dia 9 de janeiro, o Ministério público do Rio Grande do Sul (MPRS) promoveu uma reunião entre moradores e empresas ligadas ao condomínio. O objetivo foi esclarecer as responsabilidades sobre o residencial e auxiliar os proprietários em questões como a liberação do seguro.

Participaram representantes do MP, da Defensoria Pública, dos moradores, da Prefeitura de Porto Alegre, da Caixa Econômica Federal, da construtora Tenda e da Guarida, que realiza a administração condominial. Na ocasião, o MP pediu que as empresas colaborem para que as demandas das mais de 400 pessoas que residem no local sejam atendidas.