A safra do abacaxi em Terra de Areia, tradicional região produtora da fruta, teve perdas em torno de 20% acima da média esperada. Com o excesso de chuvas no período da última primavera, houve um aumento na ocorrência do fungo fusarium (fusarium subglutinans), responsável pela doença fusariose, que causa o apodrecimento dos frutos.
O técnico em agropecuária e extensionista da Emater/RS-Ascar Wolnei Márcio Fenner explica que as perdas causadas pela infecção do fusarium já são previstas todos os anos, mas no final de 2023 elas ocorreram 20% acima da média. A estimativa de colheita para a safra 2023/2024, que se estende até maio, era por volta de 6,8 milhões de frutos em 340 hectares cultivados, mas o extensionista afirma que não chegará aos 6 milhões. Ele também comenta que a colheita de agosto a outubro foi bastante produtiva, pois os agricultores utilizaram a indução floral, que consiste na aplicação de fertilizantes para induzir a floração da planta, aumentando assim o rendimento das culturas. Dessa forma, os produtores conseguiram adiantar a safra anterior a novembro. A maior parte do cultivo é conduzida para dar frutos em dezembro, por conta do aumento na demanda de consumo que ocorre nesse período no litoral gaúcho.
Fenner relata que em Terra de Areia existem 110 famílias envolvidas diretamente na produção de abacaxi, além dos trabalhadores rurais que prestam serviços nessas lavouras. Ele conta que os agricultores estão otimistas com relação às próximas colheitas e motivados em razão de um aumento em torno de 25% no preço pago ao produtor pela fruta. O reajuste ocorre em função da diminuição na quantidade de abacaxis produzidos.
O extensionista acrescenta que o abacaxi é uma planta muito rústica, que gerou muitos frutos de boa qualidade apesar da questão climática, mas não deixa de chamar atenção para o fato de que, até o momento, foram colhidos em torno de 60% da safra, então é necessário continuar observando como esse impacto afetará o restante da mesma.
