STJ avalia se vai homologar delação do ex-policial militar Ronnie Lessa sobre morte de Marielle Franco

Nome do conselheiro do Tribunal de Contas do Rio de Janeiro Domingos Brazão foi apontado como um dos mandantes do crime

Foto: Record TV/Reprodução

O Superior Tribunal de Justiça avalia se vai homologar a delação premiada do ex-policial militar Ronnie Lessa, acusado de ter o autor dos assassinatos da vereadora Marielle Franco e do motorista dela Anderson Gomes. O nome do conselheiro do Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro Domingos Brazão foi apontado por Lessa como um dos mandantes do crime.

O acordo de colaboração premiada foi proposto pela Polícia Federal, mas precisa ser homologado pelo STJ, que aguarda a confirmação dos investigadores de que as informações prestadas são verdadeiras. A RECORD apurou que o documento cita as razões e o suposto mandante do atentado, no centro do Rio de Janeiro, em março de 2018.

Ronnie Lessa teria afirmado que o crime seria uma vingança contra o ex-deputado estadual Marcelo Freixo e a ex-assessora dele, Marielle Franco. Os três, segundo os investigadores, travavam disputas na área política do estado.

Os embates teriam começado em 2008, quando Freixo presidiu a CPI das milícias na Assembleia Legislativa do Estado e citou Brazão, então deputado estadual, como um dos envolvidos com grupos paramilitares. Nos anos seguintes, a relação teria piorado. Nomeado conselheiro do Tribunal de Contas do estado em 2015, com a oposição de Freixo, Brazão foi preso e afastado temporariamente do cargo dois anos depois por suspeita de corrupção. No entanto, foi reconduzido em 2021. Aliados políticos de Brazão também foram presos.

A Polícia Federal já havia divulgado que as investigações seriam concluídas até o fim de março.  O STJ ficou responsável por analisar o caso porque é a corte responsável por julgar governadores, desembargadores e integrantes dos tribunais de contas dos estados.

O ministro da Justiça e futuro integrante do STF, Flávio Dino, comentou as informações da delação. “Houve uma delação, já firmada e homologada. É natural que haja outros atos de investigação.”

Em nota, a defesa de Domingos Brazão disse que ele jamais teve envolvimento com os suspeitos ou relação com o crime. E que o cliente está à disposição para esclarecimentos.

Morte de Marielle Franco

Na noite de 14 de março de 2018, a vereadora do Rio de Janeiro Marielle Franco foi assassinada no centro da cidade com o motorista Anderson Gomes. O carro em que Marielle estava – e era conduzido por Anderson – foi alvejado por 13 tiros.

Os ex-policiais militares Ronnie Lessa e Élcio Queiroz são acusados de matar a vereadora. Os motivos e os mandantes do crime permanecem desconhecidos.