“Erro” e “objetivos eleitorais”: o que diz sindicato patronal sobre estado de greve dos rodoviários de Porto Alegre

Seopa afirma ter melhorado propostas aos trabalhadores, porém iniciativa foi rejeitada pela categoria

Foto: Alina Souza/CP Memória

O Sindicato das Empresas de Ônibus de Porto Alegre (Seopa) afirmou nesta terça-feira considerar um “absurdo”, um “disparate” e um “erro” a decretação do estado de greve por parte dos trabalhadores rodoviários da Capital, a partir de decisão tomada em assembleia do sindicato da categoria, o Sindicato dos Trabalhadores em Empresas de Transporte de Porto Alegre (Stetpoa), na noite da última segunda-feira. Alceu Machado, advogado da entidade patronal, disse ainda que a mobilização pode ter “objetivos eleitorais”.

“Tenho dúvidas se o presidente (Adair da Silva) do sindicato (Stetpoa) realmente sabe o que isto se trata. A assembleia deles, pelo que sei, teve pouca participação, e foi algo solto, ao sabor do momento. Pela minha experiência de mais de 30 anos acompanhando o assunto, não há interesse dos rodoviários em acertar (alguma proposta)”, afirmou Machado. Conforme ele, as empresas conseguiram melhores proposições, que, no entanto, foram também rejeitadas pelos trabalhadores, dentro da negociação salarial da convenção coletiva no período de 2024 a 2025.

O advogado acrescentou ainda que a rejeição se trata de “um direito”, mas defendeu as medidas apresentadas nesta proposta, que foi a segunda trazida pelo Seopa, e destacou os avanços a partir da primeira. “Além do repasse integral do Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), que já é feito comumente, até por uma questão de justiça, ainda existe a manutenção do plano de saúde, do vale-alimentação e das gratificações aos motoristas que também cobram”, comentou ele.

O plano de saúde ambulatorial, por exemplo, teria o valor congelado, sendo pago pelos trabalhadores o mesmo valor do que entre 2023 e 2024, algo ao qual os rodoviários já teriam concordado desde a primeira proposta, apresentada ainda em dezembro do ano passado. Já a gratificação é um ponto mais polêmico. Pela dupla jornada, termo utilizado pelos trabalhadores, o pagamento deveria ser, ao menos, equivalente ao que é recebido pelos colegas da Metroplan, que recebem R$ 23 por dia para dirigir e cobrar, após o fim da função de cobradores.

No documento mais recente, o Seopa ofereceu 12% de adicional, ante 10% pago na atualidade. Já o tíquete-refeição teve o valor reajustado, conforme o projeto do sindicato patronal, para R$ 34 por dia. “Se isto é uma proposta ofensiva (para o Stetpoa), não sei mais o que não seria, visto o atual momento pós-pandemia, em que o setor está se reestruturando com a nova realidade. Não entendo o que querem dizer com estado de greve”, pontua Machado.

Ainda em dezembro, o Seopa obteve uma liminar judicial expedida pelo Ministério Público do Trabalho (MPT), e ainda em vigência, que prevê multa de R$ 50 mil em caso de greve, com fechamento de garagens. Procurado para comentar a respeito dos próximos passos após a decretação do estado de greve, o Stetpoa afirmou que, nesta terça-feira, não estavam previstas novas mobilizações, apenas articulações e consulta às bases.