Líder de facção é absolvido por assassinato de casal na zona Norte de Porto Alegre

José Dalvani Nunes Rodrigues, o 'Minhoca', foi apontado pelo MP como mandante de duplo homicídio ocorrido em 2017

José Dalvani Nunes Rodrigues, o 'Minhoca'. Foto: Marcel Horowitz

Um júri popular absolveu, por 4 votos a 3, José Dalvani Nunes Rodrigues, o ‘Minhoca’, de 41 anos, em sessão realizada nesta segunda-feira no Fórum Central de Porto Alegre. Apontado como líder de uma facção com origem no bairro Bom Jesus, na zona Leste, mas que também criou ramificações na zona Norte, ele respondia por um duplo homicídio, ocorrido em 13 de fevereiro de 2017, no bairro Passo das Pedras.

O Ministério Público declarou à reportagem que vai recorrer da decisão. Na denúncia, o MP alega que Minhoca seria o mandante da morte do casal David Ronzani Rodrigues e Heloísa Serpa Bueno. O alvo do homicídio, defende a acusação, era David, mas sua companheira também foi morta pois seria testemunha. Na ocasião, eles estavam em casa quando foram raptados. O casal foi imobilizado e levado para um matagal, onde foi morto com diversos tiros.

Ainda conforme a acusação, as duas vítimas foram executadas devido a um desentendimento envolvendo roubo de carros e outros delitos praticados pela organização criminosa. A denúncia teve como base a delação de Douglas Gonçalves Romano dos Santos, morto em fevereiro de 2020. Segundo o relato, ele teria sido um dos autores da execução do casal, a mando de Minhoca.

A defesa do réu foi feita pelo advogado Jean Severo, que sustentou que não há provas que liguem Minhoca ao crime, uma vez que a acusação foi produzida a partir delação premiada de um comparsa. “De todos os processos, esse foi o mais absurdo. O outro autor do assassinato, além do delator, não foi nem indiciado. Quem matou o casal continua solto. Pegaram o cara [Minhoca], pela notoriedade que ele tem. Quiseram criar um caso”, afirmou.

Minhoca está preso na Penitenciária Federal de Campo Grande, no Mato Grosso do Sul, desde 2017, cerca de um ano após ter sido capturado ao fugir para o Paraguai. Ele vai permanecer preso, cumprindo mais de 25 anos de condenações, enquanto responde a outros processos.