Agricultores familiares interditaram parcialmente a BR-158, nesta quarta-feira, em protesto contra o baixo preço do litro de leite praticado no Rio Grande do Sul. Com argumento de que vêm recebendo até R$ 1,04/litro – enquanto o custo de produção supera os R$ 2/litro -, o grupo liderado pela Federação dos Trabalhadores da Agricultura do Rio Grande do Sul (Fetag) espalhou um composto líquido que simulou leite no principal trevo de acesso a Frederico Westphalen como forma de chamar a atenção das autoridades para a crise que vive o setor.
O ato realizado depois do meio-dia sucedeu uma caminhada que se iniciou por volta das 9h, com a concentração dos agricultores no Parque de Exposições Monsenhor Vitor Batistella, no município. Conforme o vice-presidente da Fetag-RS, Eugênio Zanetti, os produtores se dizem “indignados” com a demora do governo federal em anunciar medidas de apoio ao setor leiteiro gaúcho. “Derramar o leite na avenida foi uma forma de o produtor mostrar que o produto dele ‘não está valendo mais nada’. Vender pelo preço que está sendo pago e jogar na sarjeta é quase a mesma coisa”, afirmou Zanetti.
O movimento se encerrou por volta das 14h e reuniu cerca de 700 pessoas, segundo a Fetag. As ações contaram com o planejamento das regional sindical do Médio e Alto Uruguai e com o apoio das regionais sindicais de Três Passos e da Macrorregional Missões Fronteira Noroeste.
Os produtores de leite seguem aguardando, para esta quinta-feira, a confirmação de uma reunião com o ministro do Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira, para tratar do tema e cobrar ações rápidas de apoio federal. O chefe da pasta desembarca com uma comitiva ministerial e bancos em Lajeado, no Vale do Taquari.
De acordo com a Fetag, se os pedidos do campo não forem atendidas, novas manifestações devem ocorrer na segunda metade do mês de outubro. Além de atos no Rio Grande do Sul, a entidade confirma mobilizações no Paraná e em Santa Catarina e a possibilidade de interditar fronteiras com países do Mercosul.