Caso Bernardo: MPRS vai recorrer da decisão que tirou Leandro Boldrini da prisão

Médico progrediu ao regime semiaberto e, por falta de vaga, foi para casa com tornozeleira eletrônica

Foto: Marcio Daudt / TJ-RS / Divulgação CP

O Ministério Público do Rio Grande do Sul vai recorrer da decisão que permitiu que Leandro Boldrini, pai de Bernardo Boldrini, deixasse a Penitenciária de Alta Segurança de Charqueadas (Pasc) e fosse para casa. O médico, que estava preso desde 2014, acusado da morte do filho, recebeu, na sexta-feira, autorização para progredir para o regime semiaberto.

A decisão foi da juíza Sonáli da Cruz Zluhan. Porém, devido à falta de vagas no semiaberto, Boldrini foi para casa com tornozeleira eletrônica.

Até o momento, dois julgamentos já foram realizados do mesmo caso, com o médico no banco dos réus. O primeiro foi em março de 2019, quando ele foi condenado no Tribunal do Júri, após mais de 50 horas de julgamento, a 33 anos e 8 meses de prisão, sendo 30 anos e 8 meses por homicídio quadruplamente qualificado, 2 anos por ocultação de cadáver e 1 ano por falsidade ideológica.

Na ocasião, também foram condenados Graciele Ugulini, madrasta de Bernardo, a 34 anos e 7 meses de reclusão, Edelvania Wirganovicz, amiga da madrasta, a 22 anos e 10 meses, e Evandro Wirganovicz, irmão de Edelvania, a 9 anos e 6 meses.

No entanto, em dezembro de 2021, o júri de Leandro foi anulado pelo 1º Grupo Criminal do Tribunal de Justiça do RS (TJRS), que considerou ter ocorrido quebra da paridade de armas durante o interrogatório do médico e determinou a realização de um novo julgamento para ele.

O segundo júri de Leandro ocorreu em março deste ano, quando o pai de Bernardo foi condenado a 31 anos e 8 meses de prisão, pelos crimes de homicídio quadruplamente qualificado e falsidade ideológica, sendo absolvido do crime de ocultação de cadáver. Neste caso, a defesa também pediu a anulação do julgamento. O caso está sendo analisado.

Relembre o caso

Bernardo Uglione Boldrini, 11 anos, desapareceu em 4 de abril de 2014, em Três Passos, no Noroeste do RS. Seu corpo foi encontrado dez dias depois, dentro de um saco enterrado às margens do rio Mico, em Frederico Westphalen. O pai e a madrasta de Bernardo foram presos no mesmo dia, suspeitos de envolvimento.

Leandro foi acusado de ser o mentor intelectual da morte e a madrasta a executora do crime. Ela teria tido ajuda da amiga Edelvania, também foi condenada. Dias depois, Evandro Wirganovicz, irmão de Edelvania, que já está em liberdade, foi preso, por ter preparado a cova.