Quatro em cada dez crianças brasileiras não podem ser consideradas alfabetizadas, aponta estudo do MEC

Pesquisa teve participação de professores de todo o Brasil e definiu que a criança deve saber escrever bilhetes e ler textos simples

Foto: Paula Maia/ Smed/ PMPA

O Ministério da Educação (MEC) e o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) divulgaram, nesta quarta-feira, os resultados da pesquisa “Alfabetiza Brasil”, um estudo inédito que vai dar suporte, a partir de agora, às políticas de avaliação da alfabetização lideradas pelo governo federal e pelas redes públicas estaduais e municipais de ensino.

O evento, que ocorreu na sede do Inep, em Brasília (DF), contou com a presença do ministro da Educação, Camilo Santana, e do presidente da autarquia, Manuel Palácios.
Os resultados apontaram, com base em novos parâmetros de avaliação estabelecidos na pesquisa, que apenas quatro em cada dez crianças do 2º ano do ensino fundamental podiam ser consideradas alfabetizadas em 2021. Entre esses novos requisitos, o MEC estipula que alunos do 2º ano do ensino fundamental devam estar habilitados a escrever bilhetes e convites e ler textos simples, tirinhas e histórias em quadrinhos.

Em 2019, conforme uma uma pesquisa feita com outros critérios, seis em casa dez crianças ainda eram consideradas alfabetizadas no 2º ano. No levantamento divulgado nesta terça, 56,4% dos estudantes submetidos ao Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb) não apresentaram, dois anos atrás, as habilidades suficientes para serem considerados efetivamente alfabetizados. No Saeb de 2019, antes da pandemia de Covid, o percentual de não-alfabetizados era de 39,7%, conforme os critérios vigentes à época.

“Sabemos que, quando uma criança não se alfabetiza na idade certa, aumenta a evasão, aumenta a reprovação, aumenta a desistência. Estamos perdendo milhões de jovens e crianças no país que precisam ter o direito de estar na escola, de garantir a conclusão do ensino básico completo. Portanto, esse é um direito que o Estado brasileiro precisa garantir a todas as crianças”, afirmou Camilo Santana.

Durante os meses de abril e maio, o Inep e o MEC consultaram professores alfabetizadores e especialistas, com o objetivo de chegar a uma definição sobre o conjunto de habilidades que devem caracterizar o perfil de aprendizagem da leitura e da escrita esperado ao fim do 2º ano do ensino fundamental.

De agora em diante, esses padrões de avaliação serão os pilares de uma nova política de alfabetização, que o MEC deve lançar nos próximos dias.