Zelensky viaja ao Japão para cúpula do G7 e espera encontro com Lula

Presidente da Ucrânia pediu ao Ministério das Relações Exteriores reunião com petista, mas ainda não houve resposta do governo

Zelensky viaja ao Japão para cúpula do G7 e espera encontro com Lula | Foto: Ricardo Stucker / PR / Divulgação

O presidente da Ucrânia, Volodmir Zelensky, viajou para o Japão para participar da cúpula estendida do G7, grupo que reúne as maiores economias mundiais, e aguarda um encontro reservado com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Zelensky solicitou uma reunião com o chefe do Palácio do Planalto ao Ministério das Relações Exteriores, mas ainda não houve uma resposta do governo brasileiro.

Lula também vai participar das reuniões da cúpula do G7, e um dos temas que pretende abordar nos encontros é a guerra entre Rússia e Ucrânia. Por muito tempo, o presidente brasileiro manteve uma posição de neutralidade perante o conflito, mas tem mudado de comportamento e começado a culpar a Rússia pela invasão do território ucraniano.

O chefe do Executivo já chegou a dizer que a Ucrânia também é responsável pela guerra e afirmou que “quando um não quer, dois não brigam”. Lula também criticou os países que disponibilizam armamento às forças de segurança ucranianas, entre eles os Estados Unidos. Segundo o petista, esse tipo de atitude acaba encorajando a manutenção do conflito e atrapalha a busca pela paz.

Criticado pela comunidade internacional por não assumir uma postura mais enfática em relação à Rússia, no mês passado Lula adotou um novo discurso sobre a guerra. Em visita oficial a Portugal, o presidente disse que “o Brasil compreende a apreensão causada pelo retorno da guerra à Europa”. “Condenamos a violação da integridade territorial da Ucrânia”, afirmou Lula em discurso na Assembleia da República Portuguesa.

Desde o início do mandato, Lula defende a formação de um grupo de países amigos com o objetivo de mediar a paz entre Rússia e Ucrânia. O presidente falou sobre isso com Zelensky durante uma conversa por videoconferência entre os dois, em março deste ano.

“Reafirmei o desejo do Brasil de conversar com outros países e participar de qualquer iniciativa em torno da construção da paz e do diálogo. A guerra não pode interessar a ninguém”, destacou o chefe do Executivo após o diálogo com o ucraniano.

Decisões do G7 sobre a guerra

A cúpula do G7 deve aprovar duas resoluções relacionadas à guerra: uma apenas dos países que compõem o grupo (Japão, Alemanha, Canadá, Estados Unidos, França, Itália e Reino Unido) e outra que envolve os países convidados para o evento. Nos bastidores, a diplomacia brasileira trabalha para que o segundo texto não preveja uma medida mais enfática contra a Rússia.

Uma das solicitações brasileiras deverá ser a negociação de uma linguagem que seja compatível com a posição de todos os países envolvidos na cúpula, com neutralidade e ênfase na segurança alimentar, impactada pelo conflito no Leste Europeu.

“Nossa visão — e isso tem sido negociado no texto — é de que esse documento deve ser sobre a segurança alimentar, uma vez que esse será o tema principal a ser discutido entre os países. Nesse aspecto, são documentos bastante diferentes — o do G7 e o do G7 com os países convidados”, afirmou o secretário de Assuntos Econômicos do Ministério das Relações Exteriores, Maurício Lyrio.