O consumo interno de calçados vai puxar o crescimento da indústria calçadista brasileira em 2023. A projeção da Abicalçados aponta para uma alta superior a 3% em relação a 2022 nas vendas do varejo doméstico, que absorvem mais de 85% da produção do setor. Apesar do incremento, o consumo interno de calçados, que deve ficar entre 754 e 757 milhões de pares, ainda fica cerca de 7% abaixo do nível prévio à pandemia. A indústria calçadista foi responsável por 296,4 mil empregos formais em 2022. Em 2022, o setor criou 24,6 mil postos de trabalho, encerrando o ano com estoque de empregos 9,1% maior do que em 2021.
De acordo com o doutor em Economia e consultor setorial Marcos Lélis, a inflação mundial elevada nas principais economias, o ajuste de estoques nos Estados Unidos, a redução dos preços dos fretes internacionais e a retomada da China após um período de restrições provocado pela política de Covid Zero devem impactar nas exportações brasileiras.
“A valorização do real diante do dólar, resultado da alta taxa de juros praticada no Brasil e da queda dos juros nos Estados Unidos, também deve ter impacto nos resultados das exportações”, disse.
Em 2022 foram produzidos 848,6 milhões de pares, 3,6% mais do que em 2021 e as exportações somaram 141,9 milhões de pares e US$ 1,3 bilhão, resultados superiores tanto em volume (+14,8%) quanto em receita (+45,5%) em relação a 2021. O valor também foi o melhor em 12 anos. Apesar do crescimento na produção de calçados, em 2022, o volume de produção não alcançou o nível pré-pandemia (2019). Além disso, a produção ainda não deve retornar ao patamar de 2019 ao final deste ano, conforme projeções da Abicalçados.
MATERIAIS
Com relação ao material predominante utilizado pelo setor de calçados brasileiros na produção, tem-se como destaque o plástico/borracha. Contudo, a participação do material na produção brasileira reduziu de 56,2%, em 2020, para 52,1% em 2022. Por outro lado, a participação da produção dos demais materiais apresentou crescimento em 2022.
Destaque para a categoria Couro, que passou de 16,3% em 2021 para 17,1% em 2022. O aumento da participação do material pode ser explicado, em partes, pelo crescimento da produção calçadista do Estado do Rio Grande do Sul, que se destaca pela produção e exportação de calçados de couro.
Conforme a entidade, em 2022, 48,3% da produção nacional foi composta por chinelos, totalizando 409,8 milhões de pares. Esse tipo de calçado teve uma diminuição na participação de 2,2% em relação a 2021. A produção de calçados de uso Casual e Social passou de 34,9% do total de pares produzidos, em 2021, para 36,3% em 2022.