Esposa coordenava lavagem de dinheiro para líder de facção do Vale do Sinos, revela Polícia

Familiares e moradores de comunidade em que traficante exerce influência eram usados como laranjas por organização criminosa

Luís Rodrigo Abreu Silveira, o 'Pepé'. Foto: Reprodução / redes sociais

Batizada de ‘Operação Fratelli’, em alusão a famílias da máfia italiana, a ação da Polícia Civil que causou prejuízos equivalentes a R$ 30 milhões a uma facção do Vale do Sinos revelou que a esposa de Luís Rodrigo Abreu Silveira, um dos líderes, coordenou parte de um esquema utilizado pelo bando para lavar dinheiro. Diferente do traficante de 39 anos, conhecido como ‘Pepé’, preso desde 2021, a mulher responde em liberdade após a justiça negar um pedido de prisão preventiva feito pela corporação.

A companheira de Pepé, segundo a investigação, colocou veículos e imóveis em nome de familiares, que também guardavam dinheiro em espécie. A mulher ainda usou moradores de comunidades, onde o líder do grupo exerce influência, como laranjas, conforme as investigações.

“Ela era uma espécie de gerente, usando irmãs e sobrinhos para a colocação dos bens. Pessoas da comunidade também eram arregimentadas com o mesmo propósito. Não há renda declarada que pudesse justificar o patrimônio que eles usufruíam”, declarou o delegado Marcus Viafore,  titular da 4ª Delegacia de Homicídios da capital, à Rádio Guaíba.

Ainda segundo a investigação, o casal também movimentava recursos financeiros espúrios pelo sistema bancário e através de empresas de fachada. Uma das empresas suspeitas, do ramo imobiliário, recebeu, entre agosto de 2020 e março de 2021, aproximadamente R$ 1,3 milhão em créditos, sendo R$ 1 milhão em espécie.

Preso comanda traficantes no Sul da capital

No dia 9 de agosto de 2021, policiais localizaram o traficante e a esposa, em Salvador, na Bahia. Na ocasião, o casal se hospedava em um resort na praia do Forte, junto a duas filhas e o genro.

Apesar de permanecer preso desde então, na Penitenciária Modulada de Charqueadas, Pepé, já indiciado por 12 homicídios, segue exercendo influência em áreas dominadas pela organização criminosa. “Ele segue como um dos líderes da facção em boa parte da região Extremo Sul de Porto Alegre”, destacou Viafore.