Inadimplência de empresas gaúchas do setor de alimentação preocupa Abrasel

Prejuízo nos primeiros meses do ano chega a 35% dos estabelecimentos estaduais

Maioria dos bares e restaurantes não se recuperou da pandemia | Foto: Guilherme Almeida / CP Memória

O cenário do setor de Alimentação Fora do Lar segue preocupante após sofrer as consequências causadas pela pandemia. A nova pesquisa da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel) revela que um terço dos estabelecimentos gaúchos tiveram prejuízo no início do ano, subindo de 23% para 35% desde o último levantamento. A situação piora à medida que a incerteza cresce em relação ao futuro da situação econômica neste ano. “O grande desafio de 2023 é cuidar o endividamento do setor e os custos inflacionários, que tendem a aumentar”, contextualiza João Melo, presidente da Abrasel no RS.

Os principais problemas apontados pelo dirigente são destaque do levantamento da entidade. O setor tem 8 em cada 10 empresas com empréstimos bancários contratados, com a inadimplência atingindo 30% para quem utilizou linhas regulares e 20% aos que aderiram ao Pronampe. Outro dado significativo é que, em média, 10% do faturamento dos bares e restaurantes são empenhados para pagar as parcelas e, para quase um terço, está acima desse índice, alcançando até mais de 20%.

A inflação segue preocupando os empresários do ramo, sendo que 30% ainda não consegue reajustar os preços conforme a média da inflação de 5,77% no período. “O setor está em compasso de espera, aguardando medidas do governo e na expectativa de como vai se comportar a economia do país. A pandemia ainda traz as sequelas econômicas, com endividamento alto, principalmente com empréstimos e pagamentos em atraso”, define João.

VAGAS

A boa notícia que o levantamento traz é a possibilidade de novos vagas no setor de Alimentação Fora do Lar. São 14% dos estabelecimentos que aumentaram o quadro de funcionários e 32% projetam aumentar a equipe ao longo de 2023. No entanto, João Melo destaca que é necessário ter demanda, público nos restaurantes e casas abertas para confirmar esta tendência.

Por fim, a pesquisa também abordou o tema do assédio e violência contra mulheres nos estabelecimentos de alimentação fora do lar, um tema importante para a sociedade que entrou em debate a partir de projetos de lei e decretos em estados e municípios. De acordo com a pesquisa, 63% dos estabelecimentos já implantaram ou pretendem implantar sinalização sobre canais de denúncia ao assédio contra mulheres.

Outras medidas que têm ampla adesão são o treinamento dos funcionários para lidar com as situações de assédio/violência (67%) e protocolo para acionamento imediato de autoridades (66%). Entre as medidas consideradas menos viáveis estão espaço físico reservado para o acolhimento (72% não veem viabilidade na implantação em seu estabelecimento) e vigilância especial em áreas isoladas ou com pouca iluminação (64% creem não ser viável para o estabelecimento).