Bares e restaurantes gaúchos faturam mais, mas rentabilidade é desafio, diz Abrasel-RS

Maioria das empresas (56%) faturaram mais em dezembro de 2022 em relação a dezembro de 2021.

Maioria dos bares e restaurantes não se recuperou da pandemia | Foto: Guilherme Almeida / CP Memória

O ano de 2023 é de otimismo, porém, carregado de incertezas. A pesquisa da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel) aponta que mais da metade dos estabelecimentos gaúchos tiveram um crescimento de faturamento em relação ao ano anterior. Apesar do dado positivo, o índice de empresas no prejuízo segue relevante, com 23% fechando as contas no vermelho.

A maioria das empresas (56%) faturaram mais em dezembro de 2022 em relação a dezembro de 2021. Outros 24% tiveram desempenho menor e 14% ficaram em estabilidade. 6% não responderam ou não existiam em 2021. Do total, 23% das empresas estão no prejuízo, seja por dívidas com empréstimos bancários, impostos, taxas e encargos, redução do número de clientes e queda nas vendas, como os principais motivos para não atingir um desempenho melhor. Já 30% estão em equilíbrio e 47% trabalhando com lucro.

“O movimento melhorou, fez o setor reagir e deu esperanças aos empresário. Em 2023, o desafio será manter uma constância para atingir a rentabilidade e fazer com que seja um grande ano para os bares e restaurantes”, define João Melo, presidente da Abrasel no RS.

EMPREGO

Quanto ao cenário de trabalhadores, 36% das empresas pretendem contratar novos funcionários em 2023. Já 43% esperam manter o quadro, 17% têm expectativa de reduzir o número de funcionários e 4% não sabem ou não responderam.

Embora o faturamento tenha aumentado, a inflação é um dos problemas que traz a incerteza ao setor. Para praticamente metade das empresas, o faturamento cresceu mais que a inflação e 65% esperam que em 2023 supere a inflação. João Melo destaca que, por conta da alta nos preços, este faturamento não representa necessariamente lucratividade ou rentabilidade, pois muitos valores subiram no cardápio.

Outro desafio que o segmento enfrenta é o endividamento e os empréstimos. Hoje, 84% têm empréstimos contratados e 38% disseram ter pagamentos atrasados. “O setor ainda sofre com dívidas da pandemia, é algo que vamos carregar por alguns anos. Muita gente pagando impostos, aluguel e empréstimos atrasados. Esse período difícil ensinou muito e fez com que os empresários olhem para dentro do próprio negócio, como cuidar desperdícios, compras exageradas, controlar as perdas”, explica João.

Entre os destaques positivos, a perspectiva de aumento de vagas no setor anima. 36% dos empresários pretendem contratar em 2023 e 43% esperam manter seu quadro de funcionários como está.

Dados da pesquisa:

– 49% dos empresários dizem que o faturamento cresceu mais que a inflação em 2022. Para 8%, acompanhou a inflação, 13% afirma que cresceu abaixo, 10% diz que não cresceu e 9% caiu em relação ao ano anterior.

– 29% estão reajustando os preços conforme a média da inflação. 31% fizeram reajustes abaixo do índice. 25% não conseguiram fazer reajuste e apenas 15% aumentaram o cardápio acima do índice de inflação.

– 84% têm empréstimos contratados. A inadimplência é de 17% entre os que tomaram dinheiro de linhas regulares e de 14% entre os que aderiram o Pronampe.

– 38% disseram ter pagamentos em atraso. Destes, 96% devem impostos federais, 36% estaduais, 21% taxas municipais, 32% devem encargos trabalhistas e 25% têm dívidas em atraso com fornecedores. *Permitidas múltiplas respostas