Governo do RS confirma participação de gaúchos em atos antidemocráticos no DF

Eduardo Leite garantiu punição para patrocinadores e pessoas que agiram em atos golpistas no fim de semana

Foto: Alina Souza/Correio do Povo

Os órgãos de investigação do Rio Grande do Sul confirmaram hoje a participação de gaúchos nas invasões, do último domingo, aos prédios dos Três Poderes em Brasília. Conforme a Polícia Federal Rodoviária manifestantes em ônibus saídos do Rio Grande do Sul foram apreendidos em Brasília e há a possibilidade de outros voltando para o Estado serem identificados durante o percurso. Segundo o governador Eduardo Leite (PSDB), ainda não há o levantamento do número de gaúchos envolvidos nos atos do fim de semana.

No Estado, também há investigações correndo em âmbito da Polícia Civil de possíveis crimes cometidos em solo gaúcho. Apesar de não ser de competência estadual a investigação dos atos cometidos em Brasília, Leite garantiu que a PC e Polícia Federal vêm trabalhando em um ambiente de integração e colaboração, “para não deixar sem punição quem tenha patrocinado, participado e agido contra nossa democracia”, afirmou.

Em reunião do gabinete de crise, nesta terça-feira, órgãos federais, setores do governo e da segurança pública alinharam as frentes de atuação para os próximos dias. Segundo Leite, as prioridades recaem sobre o Departamento de Inteligência da Segurança Pública (DISP), que monitora movimentações, entre elas uma manifestação prevista para os próximos dias, para que haja a “atuação policial devida”; e trabalha na responsabilização devida dos envolvidos em atos que já ocorreram.

“Atuando com a inteligência, identificando onde pode acontecer algum ato atentatório contra democracia e de, outro lado, dando punição exemplar, consequência para quem pratica esses atos, é que nós vamos conseguir estabelecer condições de normalidade”, afirmou o governardor.

Na segunda-feira, Leite esteve em Brasília para a uma reunião entre governadores e os chefes dos Três Poderes. O governador garantiu o envio de 73 homens e mulheres do Batalhão de Choque à Brasília. Presente na sede do Supremo Tribunal Federal, um dos prédios afetados pelos vândalos, Leite afirmou que o estado era de “destruição absoluta”.

“Não é uma agressão apenas ao patrimônio público, que por si só já seria reprovável e que mereceria ser rechaçado, e ao que se deve dar consequência. Mas é uma agressão a estruturas físicas que têm uma representatividade e com a defesa de uma ruptura democrática”, analisou.

Sobre a influência do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) como um dos estimuladores dos atos, Leite afirmou que a prioridade, agora, é “garantir a normalidade” em uma “situação crítica”. “A gente precisa garantir que os ânimos sejam arrefecidos e em seguida dar consequência a quem tenha participado, estimulado e dado comandos a isso. A apuração sobre a responsabilidade do ex-presidente naturalmente virá nessa seara num passo seguinte”, disse.