AgTech gaúcha defende agricultura sustentável na COP-27

A importância do agronegócio e da produção sustentável e eficiente de alimentos para frear as mudanças climáticas em escala global levou uma AgTech brasileira para a COP-27, no Egito. Convidada pelo Centro Sebrae de Sustentabilidade e pelo Ministério do Meio Ambiente, a ConnectFARM falou sobre estratégias de mitigação de carbono, agricultura de baixa emissão e novas tecnologias para o aumento de produtividade no campo. O case foi apresentado esta semana no Palco Empreendedor, no espaço Brasil, em Sharm El Sheikh.

Rodrigo Franco Dias, CEO da startup, esteve durante toda a semana no norte africano, e falou sobre a representatividade da agricultura e da inovação brasileiras para redução de emissões de gases de efeito estufa. “A grande oportunidade é a implementação do mercado de carbono. E quando analisamos porque isso não avançou ainda, chegamos à falta da certificação. Por outro lado, isso cresceu muito em energias renováveis e a agricultura pode seguir esse caminho. Estamos trabalhando no Brasil com alguns desses modelos,” explicou.

Um levantamento da consultoria norte-americana McKinsey indica que até 2030, ano-limite para o Brasil reduzir as emissões de carbono em 50%, a demanda por créditos voluntários pode atingir entre US$ 1,4 bilhão (R$ 7,4 bilhões) e US$ 2,3 bilhões (R$ 12,2 bilhões). Em meio à pauta da COP-27, a McKinsey complementou o estudo e indicou que projetos de agricultura regenerativa e redução de metano podem cortar as emissões da agricultura no país de 373 milhões para 160 milhões de toneladas de CO2 equivalente.

 COP da alimentação e agricultura

Foi a primeira edição da Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas que contou com um pavilhão dedicado à “Alimentação e Agricultura”. Em 250 metros quadrados, empresários e produtores brasileiros e de outros 196 países se reuniram para fechar negócios. Nele, a ConnectFARM apresentou o trabalho que realiza com algoritmo proprietário, o Índice de Gestão Ambiental (IGA), que cruza informações de atributos do solo, das plantas e do ambiente para estimar o potencial produtivo de cada talhão da lavoura.

No painel “Mensuração e Técnicas de Manejo Sustentável para Fixação de Carbono no Solo em Produções Agrícolas de Biodiesel e Etanol”, o executivo da ConnectFARM apresentou os resultados do trabalho de consultoria agronômica que a AgTech realiza com mais de 500 produtores em aproximadamente 1,5 milhão de hectares de dez estados do Brasil, e em parcerias com as multinacionais Bayer e Syngenta, para aplicação de agricultura de conservação por meio de plantas de cobertura, em biomas como o Cerrado e o Pampa.

Para Dias, a experiência no Egito foi transformadora. “Quando olhamos para o Brasil, um país com recursos naturais em abundância, principalmente água, e vemos lugares como esse, no meio do deserto, percebemos como somos ricos em recursos naturais e o quanto isso é importante para a agricultura, a nossa relevância para a agricultura mundial”, afirmou.