No máximo três deputados conservadores poderão se candidatar, oficialmente, à sucessão de Liz Truss no cargo de primeira-ministra britânica, em disputa a ser decidida pelos deputados e, possivelmente, pelos membros partidários, conforme as regras apresentadas nesta quinta-feira pelo Partido Conservador.
“Os candidatos precisarão ter pelo menos 100 colegas (de 357 parlamentares conservadores) para patrociná-los”, declarou o presidente do Comitê 1922, Graham Brady, à imprensa, acrescentando que esses “patrocínios” devem ser coletados até segunda-feira, 14h locais (10h em Brasília), para seleção até a sexta-feira seguinte.
A passagem relâmpago de Truss pelo cargo de primeira-ministra do Reino Unido explica-se principalmente por um drástico projeto de recuperação econômica apresentado nos primeiros dias na função. Ela ficou apenas 45 dias no poder, tempo suficiente para ser alvo de pedidos de renúncia tanto da oposição quanto do próprio partido, o Conservador.
Todo o problema começou quando ela defendeu um controverso plano econômico, que reduzia drasticamente a cobrança de impostos subsidiando, ao mesmo tempo, parte das elevadas contas de energia elétrica às vésperas da chegada do inverno europeu, sem uma fonte de financiamento capaz de não aumentar a dívida pública britânica.
Confira abaixo os potenciais candidatos à sucessão:
Rishi Sunak
Ex-ministro das Finanças, derrotado por Truss na fase final do processo de eleição de um novo líder conservador no início de setembro, decidido pelas bases do partido. Era o candidato preferido dos parlamentares. O ex-banqueiro bilionário de 42 anos é uma figura tranquilizadora que defende a ortodoxia fiscal.
Jeremy Hunt
O novo ministro das Finanças emergiu como aquele que passou a ter as rédeas do poder diante do enfraquecimento de Truss, após se ver obrigada a desistir do plano econômico vigente até então. Anunciou, na segunda-feira, a retirada espetacular de quase todas as medidas fiscais de Truss, que haviam causado pânico no mercado.
Penny Mordaunt
A ministra encarregada das relações com o Parlamento, que também concorreu em julho com Truss para suceder a Boris Johnson, era a favorita das bases conservadoras, sendo descartada pelos deputados no último minuto. A ex-ministra da Defesa, de 49 anos, ficou sob os holofotes na segunda-feira, quando compareceu ao Parlamento no lugar de Truss para responder a oposição. Defendeu com desenvoltura a guinada na política econômica do governo.
Boris Johnson
É uma possibilidade que circula na imprensa conservadora há meses: como uma fênix, o polêmico Johnson pode retornar, impondo-se como uma escolha óbvia. A vitória esmagadora que teve nas eleições de 2019 deu aos conservadores uma maioria que não viam desde Margaret Thatcher na década de 1980.
A renúncia forçada em julho deste ano, porém – após uma multiplicação de escândalos que incluem festas na sede do poder (Downing Street), violando as regras anticovid – continua fresca.
Ben Wallace
Entre os últimos favoritos, está o ministro da Defesa, que havia decidido não entrar na corrida para se dedicar à segurança do país. Nos últimos dias, o nome de Wallace surgiu como uma possível figura de unidade do Partido Conservador. Aos 52 anos, contudo, ele pareceu descartar esse cenário, garantindo ao jornal The Times, na terça-feira, que quer continuar à frente da pasta da Defesa.