Caso Seu Jorge: Polícia tenta participação efetiva de equipe do cantor em inquérito sobre racismo

Equipe do artista fazia registros próximo ao espaço reservado para convidados do GNU

Foto: Alina Souza / CP

A titular da Delegacia de Combate à Intolerância de Porto Alegre, Andrea Mattos, confirmou, nesta quinta-feira, que falou com a assessoria do cantor Seu Jorge para pedir as imagens feitas pela equipe do músico durante o show, ocorrido no dia 14 de outubro, no Clube Grêmio Náutico União (GNU), em que o artista sofreu ofensas racistas por parte da plateia. Ela relatou que, apesar das dificuldades em obter os registros, a investigação sobre o caso vai prosseguir, na tentativa de identificar os autores dos ataques.

“Eu diria que está havendo uma espécie de desencontro [em relação à equipe do artista]”, relatou a delegada. “Acredito que eles [Seu Jorge e a assessoria dele] entendam que já bastam as manifestações públicas”, conjecturou.

Na tarde desta quinta-feira, a delegada ouviu o depoimento de Paulo Bing, presidente do Clube. Segundo ela, o representante do União reafirmou não ter visto os ataques racistas ao cantor na ocasião. Funcionários que trabalharam na montagem e nos bastidores do show foram chamados a depor a partir da próxima segunda-feira.

Registros da equipe do cantor

No início da noite desta quinta-feira, Rádio Guaíba recebeu relatos de que a equipe do cantor fazia o registro do show em uma área próxima à reservada para convidados do Clube. De acordo com essas informações, o grupo gravou o momento das ofensas ao fim da apresentação, marcada para celebrar a reinauguração de um salão e seguida de um jantar.

“Ainda não analisei a totalidade dos vídeos, é bastante material”, disse a delegada. “Tenho sentido que as pessoas estão com muito receio de falar com a polícia. Insistimos que os depoimentos na delegacia não são identificados. Nós garantimos esse sigilo e temos meios legais para fazer isso”, enfatizou.

Relembre o caso

No dia 14 de outubro, Seu Jorge realizou uma apresentação no Clube Grêmio Náutico União. Os ataques começaram após uma manifestação do cantor contra a redução da maioridade penal, defendida pelo presidente e candidato à reeleição Jair Bolsonaro (PL). No discurso, Seu Jorge fazia referência à defesa de jovens negros de comunidades pobres ao justificar o posicionamento.

Na segunda-feira, o músico se pronunciou sobre o caso e lamentou o ocorrido.

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