No Brasil, 2 milhões de crianças e adolescentes estão fora da escola, alerta Unicef

Estudo mostra que mais de 1 em cada 10 parou de estudar, metade precisou deixar os estudos para trabalhar e 30% não conseguiu acompanhar as atividades

| Foto: P XHERE / R7

Um estudo inédito realizado do Ipec a pedido doFundo de Emergência Internacional das Nações Unidas para a Infância (Unicef) alerta que 2 milhões de crianças e adolescentes — mais de 1 em cada 10 — de 11 a 19 anos estão fora da escola. Esse é um dos principais estudos realizados após dois anos de pandemia de Covid-19.

A pesquisa foi realizada em agosto deste ano, ouvindo crianças e adolescentes de todas as regiões do país. Os números mostram que a população mais afetada pela evasão escolar é a mais vulnerável. No total, 11% dos entrevistados não estão frequentando a escola, 4% estão na classe AB e, na classe DE, esse dado chega a 17% — quatro vezes maior.

Entre aqueles que estão fora da escola, praticamente metade (48%) afirma parou de estudar por precisar trabalhar para ajudar a família. Outros, 30% dos entrevistados, deixaram os estudos por não conseguir acompanhar e entender as atividades dadas em sala de aula e 29% desistiram porque a escola não havia retomado as atividades presenciais e 28% precisavam cuidar de algum parente ou familiar.

A lista de justificativas também traz a falta de transporte (18%), gravidez (14%), desafios por ter alguma deficiência (9%), racismo (6%), entre outros.

Outro dado considerado preocupante: 21% dos entrevistados que estão estudando afirmaram que pensaram em desistir da escola nos últimos três meses. O principal motivo, apontado pela metade dos estudantes, é que dificuldade em acompanhar o conteúdo e as atividades escolares, outros 38% consideram a escola desinteressante.

Ao serem questionados sobre a percepção dos estudantes se aprenderam tudo o que deveriam ter aprendido, nas aulas remotas durante a pandemia, 25% respondeu que não aprendeu o que deveria. Esse número cai para 8%.

Um ponto positivo apresentado pelo estudo está relacionado a preocupação com a recuperação do conteúdo que não foi assimilado durante o isolamento social. Os dados mostram que 31% participaram de aulas de reforço oferecidas pela escola e destes alunos, 68% consideram que essas atividades têm contribuído muito para a evolução do aprendizado.

Saúde Mental

Mais da metade dos estudos, 58% se sentem seguros a falar de assuntos que incomodam com professores ou profissionais que estão nas escolas. Metade dos estudantes afirmou haver espaço para poderem falar dos seus sentimentos (48%) e destes, 79% dizem que se sentiram melhor.

Campanha Unicef

Na apresentação do estudo, o Unicef lançou a campanha #VotePelaEducação, em parceria com a Agência Artplan, mobilizando a sociedade para que cobre de candidatas e candidatos que priorizem a Educação na hora do voto.