Polícia ataca criminosos que negociaram acordo para pôr fim à guerra de facções na Capital

Operação cumpriu 32 mandados de prisão temporária e 23 de busca e apreensão

Foto: Polícia Civil/Divulgação

Uma operação deflagrada pela Polícia Civil nesta quinta-feira (8) teve como alvo os líderes de facções criminosas que, entre março e abril deste ano, tentaram costurar um “acordo” para encerrar a disputa territorial que resultou em mais de 30 mortes em Porto Alegre. A força-tarefa, que recebeu o nome de “Senhores do Crime”, cumpriu 32 mandados de prisão temporária e 23 de busca e apreensão na Capital e na Região Metropolitana.

Um dos presos é Paulo Ricardo Santos da Silva, conhecido como “Paulão da Conceição”, ex-líder do tráfico na Vila Maria da Conceição. O criminoso estava no regime semiaberto desde fevereiro, quando deixou a prisão e passou a ser monitorado por tornozeleira eletrônica em razão de problemas de saúde. Conforme a investigação do Denarc, que se estendeu por cinco meses, ele agora faz parte de uma outra quadrilha, que atua no bairro Bom Jesus.

Conforme o delegado Guilherme Dill, o acordo para dar fim à série de homicídios registrada no entorno do bairro Santa Tereza previa a divisão da área territorial do tráfico de drogas e a quitação de dívidas entre as facções. “Os líderes conversam entre sí, enquanto que as bases das facções estão sempre em conflito. Eles tentam manter a instituição do crime, mas deixam a disputa acontecer”, explica.

Além dos tratados de paz e guerra nas comunidades, as lideranças do tráfico intermediam a compra de armas e drogas entre si – incluindo, dentre outras coisas, granadas. Diversos carregamentos, vindos de fora do país, chegam a Porto Alegre mensalmente. Uma conversa entre dois criminosos é considerada uma das principais provas, evidenciando a tentativa de um acordo sobre a divisão territorial do Santa Tereza e da Vila Conceição.

Na oportunidade, o negócio não foi fechado – fato que contribuiu para, pelo menos, cinco assassinados registrados entre as zonas Central, Leste e Sul da Capital. A polícia acredita que o número de casos do tipo seja maior, dada a dimensão da série de homicídios. Dentre as ordens judiciais cumpridas pela Operação Senhores do Crime, cinco foram dentro do sistema prisional. Ao menos 15 indivíduos estão atrás das grades.

“Estes indivíduos eram responsáveis por poupanças destas facções. Encontramos contas com R$ 120 mil, R$ 50 mil. O dinheiro é fracionado para, caso uma delas seja bloqueada, o baque financeiro não seja tão grande”, ressalta Dill. A força-tarefa teve desdobramentos em Porto Alegre, Gravataí, Charqueadas, Guaíba e Canoas.