Seis meses de guerra na Ucrânia são marco triste e trágico, avalia secretário-geral da ONU

Antonio Guterres demonstrou preocupação com as atividades militares na usina nuclear Zaporizhzhia

Foto: Mark Garten / ONU

Os seis meses da invasão russa da Ucrânia são um “marco triste e trágico”, disse o secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, ao Conselho de Segurança nesta quarta-feira. “Hoje representa um marco triste e trágico, (na conclusão) de seis meses desde que a Rússia invadiu a Ucrânia em 24 de fevereiro”, disse Guterres. Ele também denunciou as consequências dessa “guerra absurda” que vai “muito além da Ucrânia”.

Em particular, Guterres reiterou “profunda preocupação” com as atividades militares em torno da usina nuclear de Zaporizhzhia. “Qualquer escalada adicional da situação pode levar à autodestruição”, alertou.

Sobre esse ponto, em um discurso por vídeo, o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky disse ao Conselho que a Rússia “deve parar incondicionalmente a chantagem nuclear” e “retirar-se completamente” da central nuclear de Zaporizhzhia.

No início da sessão, o embaixador russo Vassily Nebenzia opôs-se à intervenção de Zelensky, sublinhando que não tinha objeções à participação dele, mas sim ao fato de o líder ucraniano não ter participado do encontro presencialmente.

A intervenção em vídeo, porém, havia sido aprovada em votação dos membros do Conselho (13 a favor, 1 contra, 1 abstenção). A representante dos Estados Unidos, Linda Thomas Greenfield, comentou que a data de hoje “marca seis meses de guerra premeditada, injustificável, brutal e em grande escala da Rússia contra a Ucrânia”. “Seis meses de mentiras vergonhosas e violações do direito internacional” e “seis meses de atrocidades terríveis”, denunciou.

Enquanto isso, Guterres também destacou a persistente ameaça à segurança alimentar mundial após retornar de uma visita à Ucrânia e à Turquia focada nas exportações de grãos ucranianos, que foram retomadas graças a um acordo internacional assinado em julho. “Em 2022 há comida suficiente no mundo, o problema é sua distribuição desigual. Mas se não estabilizarmos o mercado de fertilizantes em 2022, simplesmente não vai haver comida suficiente em 2023”, disse ele.