Prefeitura detalha proposta de revisão da estrutura cicloviária de Porto Alegre

Apresentação ocorreu, nesta terça, em reunião da Comissão de Urbanização da Câmara Municipal

Foto: Guilherme Almeida/CP

A Secretaria Municipal de Mobilidade Urbana (SMMU) de Porto Alegre apresentou, na manhã desta terça-feira, um conjunto de propostas visando melhorar a estrutura cicloviária da capital dentro do Plano Cicloviário, cujas diretrizes preveem, a cada dez anos, uma revisão. Os detalhes foram divulgados em uma reunião da Comissão de Urbanização, Transportes e Habitação (Cuthab) da Câmara Municipal, presidida pelo vereador Jessé Sangalli (Cidadania), também mediador do encontro. Parlamentares, cicloativistas e demais representantes da Prefeitura estiveram presentes.

A SMMU pretende fazer um seminário de um dia, em setembro, para discutir as sugestões colhidas no encontro e em reuniões setoriais representativas com demais membros da sociedade. “Nosso objetivo principal é abrir um canal de diálogo, o qual estamos iniciando agora, com entidades do comércio, indústria, serviços e usuários, abrindo a discussão do uso da bicicleta, seja para uso diário, lazer ou esporte”, afirmou o secretário da SMMU, Adão de Castro Júnior, que apresentou a proposta junto à diretora de Mobilidade Urbana, Carla Meinecke.

Atualmente, a capital conta com cerca de 70 quilômetros de rede cicloviária, sendo 57,59 quilômetros de ciclovia, 9,35 km de ciclofaixa e 3,05 km de rede compartilhada. A intenção é ampliar a malha para um número ainda indefinido, onde pedestres e ciclistas circulem em conjunto, com os primeiros tendo prioridade. Há oito grandes áreas onde há circulação de ciclistas na cidade, com objetivos distintos, de acordo com a estrutura já existente, e considerando possíveis novas rotas, dentro das necessidades da comunidade.

Há intenção, por exemplo, de ampliar as integrações nos bairros, especialmente com terminais de ônibus, universidades e o Trensurb, assim como disponibilizar estações do serviço de bikes compartilhadas em pontos atrativos ao público, como shoppings. Castro Júnior admite que o serviço, hoje se concentra no Centro Histórico. “Nossa ideia é promover essa ampliação, permitindo que se possa descer do ônibus e pegar uma bicicleta, ou o contrário, ir da bicicleta até o transporte público”, disse.

Há 41 estações do tipo em Porto Alegre, com um total de 410 bicicletas, fazendo, em média, quatro mil viagens por dia. Com os novos credenciamentos, a SMMU espera que os números aumentem para 100 estações e mil bicicletas até 2024, permitindo que se aluguem bikes adultas ou infantis e elétricas, o que não é possível no sistema atual. Os questionamentos na reunião se basearam na expectativa de como fazer para que o público em geral se sinta seguro no tráfego nas ciclovias, bem como no compartilhamento de espaço com outros modais, a exemplo do carro.

Uso por pedestres

O vereador Alvoni Medina (Republicanos), também da Cuthab, disse estar preocupado com a circulação de idosos, pessoas com deficiência física, visual e mobilidade reduzida, cadeirantes e mães com carrinhos de bebê. Mesmo em calçadas, elas são por vezes prejudicadas com bicicletas em trechos onde não existe ciclovia. “Olhando o sentido geral, fazemos com que as pessoas tenham dignidade e sejam respeitadas na nossa cidade. Várias pessoas já entraram em contato conosco porque caíram usando as calçadas e tropeçaram com o piso solto”, observou.

A representante da organização Bike Anjo, Tássia Furtado, afirmou que o uso da bicicleta amplia o sentimento comunitário e promove humanização. “Temos tudo para transformar Porto Alegre em cidade cicloviária e que entende a importância do transporte compartilhado”, afirmou. O parlamentar e ciclista Marcelo Sgarbossa falou que as pessoas se sentem mais seguras andando nas ciclovias, mas defendeu o uso delas também por pedestres. “Existe aquela frase: construa e eles virão. Quando se fala ciclovia, falamos em cidade mais humana”, comentou.

Sgarbossa ainda falou a respeito do Plano Diretor Cicloviário Integrado (PDCI), criado em 2009 e que deve ser revisado a partir do seminário de setembro, e questionou a atribuição do Conselho Diretor do Plano Cicloviário, que não se reúne há três anos e meio, segundo o secretário Castro Júnior. A Prefeitura também abordou a necessidade de manutenção das faixas a serem desenvolvidas, com apoio de outras secretarias, e o secretário disse ainda que a ideia é visitar o Conselho. “Queremos compreender porque ele está parado e estabelecer um novo fluxo de trabalho”, completou.