Bolsonaro defende proteção ambiental e garante busca “incansável” a desaparecidos na Amazônia

Presidente discursou, nesta sexta-feira, na Cúpula das Américas, em Los Angeles (EUA)

Foto: Alan Santos/PR

Em discurso na segunda sessão plenária da IX Cúpula das Américas, em Los Angeles, nos Estados Unidos, o presidente Jair Bolsonaro disse, nesta sexta-feira, que o Brasil é um dos países que mais preserva o meio ambiente, falou em ‘ataque claro as liberdades individuais’ e assegurou que o governo atual trabalha pela democracia.

“Temos a matriz energética mais limpa e diversificada do mundo. Mesmo preservando 66% de nossa vegetação nativa e usando apenas 27% do nosso território para a pecuária e agricultura, somos uma potência agrícola sustentável”, disse Bolsonaro.

“Nosso Código Florestal deve servir de exemplo para outros países. Afinal, somos responsáveis pela emissão de menos de 3% do carbono do planeta, mesmo sendo a 10ª economia do mundo”, completou, classificando a legislação ambiental como “completa e restritiva”.

Na sequência, Bolsonaro destacou que há ataque contra as “liberdades individuais por opinar de forma diferente”. “Ao longo de meu mandato, o Brasil manteve-se presente nos foros hemisféricos e regionais, trabalhando pela democracia, pela liberdade e pela prosperidade econômica e social”, destacou.

No fim do discurso, Bolsonaro improvisou e falou sobre o encontro que teve na última quinta-feira com o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden. O líder brasileiro afirmou ainda que está ‘maravilhado’ com o estadunidense.

“Ficamos por 30 minutos sentados, numa distância inferior a um metro e sem máscara”, lembrou. Ele disse ainda ter sentido de Biden “muita sinceridade e muita vontade de resolver certos problemas que fogem obviamente de total responsabilidade de cada um de nós, mas juntos poderemos buscar alternativa para pôr um fim nesses conflitos (em referência à guerra na Ucrânia)”.

Em meio a críticas, Bolsonaro também disse, nesta sexta-feira, que as Forças Armadas e a Polícia Federal vêm trabalhando na “busca incansável” pelo indigenista Bruno Araújo e pelo jornalista britânico Dom Phillips, desaparecidos na região amazônica desde domingo. “Pedimos a Deus que sejam encontrados com vida”, completou, durante o discurso.

Ativistas de diversos grupos brasileiros e estrangeiros protestaram na Cúpula das Américas contra o desaparecimento de Araújo e de Phillips. Fotos do ativista e do jornalista foram estampadas em um painel eletrônico em frente ao letreiro de Hollywood. “Ameaçados. Agora procurados. Onde estão Dom e Bruno?”, questiona a mensagem em inglês projetada em um caminhão.

O Vale do Javari, no extremo oeste do Amazonas, fica próximo à fronteira com o Peru e abriga ao menos 14 grupos isolados — a maior população indígena não contatada do mundo. A região é pressionada por invasores ligados à pesca e à caça ilegal, ao garimpo e à extração de madeira.

Mais cedo, o porta-voz do alto-comissário da Organização das Nações Unidas (ONU) para os Direitos Humanos, Ravina Shamdasani, pediu urgência às autoridades brasileiras e que “redobrem” esforços para encontrar o indigenista e o jornalista inglês.

O presidente brasileiro também recebe críticas de outros países em relação à gestão de combate ao desmatamento na região amazônica, que registra alta. Em abril deste ano, 1.013 km² de floresta foram devastados, conforme os dados do sistema de alertas do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Esse é o maior número para o mês desde o início da série histórica, em 2016.

Nesta sexta, Bolsonaro se reuniu com os presidentes Iván Duque Márquez (Colômbia) e Guillermo Lasso (Equador). À tarde, o líder brasileiro embarcou para Orlando, onde inaugura o vice-consulado do Brasil.

“Aventura não recomendável”
Na última terça, Bolsonaro havia dito que ambos faziam uma “aventura não recomendável”. O líder brasileiro também levantou a suspeita de que eles possam ter sido mortos durante o trajeto.