Alta do diesel pode aumentar passagem de ônibus em 15% e afetar frota, alerta associação

Combustível é o segundo maior custo para o setor de transporte coletivo e urbano, correspondendo a 32,8% das despesas

Foto: Guilherme Almeida / CP

Os sucessivos aumentos do diesel, somados ao reajuste de mais 8,8% anunciado pela Petrobras no início da semana, já impactaram em 15,4% o cálculo do preço da tarifa de ônibus em 2022. A estimativa é da Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos (NTU).

De acordo com a entidade, o índice de reajuste no preço do diesel chegou a 80,9% entre junho de 2021 a maio de 2022. Como o combustível corresponde a 32,8% das despesas do setor, o aumento considerado ideal das tarifas, para acompanhar essa alta, já chega a 26,5% – índice que não deve ser automaticamente repassado ao usuário. Desde janeiro, o diesel já subiu 47%.

O combustível é o segundo maior custo para os transportadores de passageiros, perdendo apenas para a mão de obra (50%).

Risco para o transporte público
A associação ressalta que há chances de faltar ônibus para circular fora dos horários de pico caso os sucessivos aumentos de custos não sejam compensados de alguma forma. “Temos cidades que já fizeram seus reajustes tarifários anuais e outras que adotaram subsídios emergenciais ou permanentes, a situação varia. Mas a grande maioria dos operadores, sem fôlego financeiro para enfrentar mais esse reajuste, vai ter de suspender o serviço fora dos horários de pico”, alerta Francisco Christovam, presidente da NTU.

Segundo a entidade, as mais de 400 operadoras de ônibus associadas, o repasse para o consumidor só pode ser evitado caso prefeituras arquem com o reajuste. “As empresas de transporte coletivo urbano não são responsáveis por esses aumentos e não conseguem arcar com esses custos. Estamos agora no modo de sobrevivência”, defende Christovam.

Ainda segundo o presidente da NTU, a redução da oferta vai variar caso a caso, de acordo com as condições de cada contrato. “Quem não conseguir apoio do poder público e não tiver recursos vai ser obrigado a cortar a frota. Depende da situação financeira de cada empresa neste momento”, completa.