Governo segue sem definições para Petrobras após desistências de Pires e Landim

Um dos cotados é Caio Paes de Andrade, secretário do Ministério da Economia; Bolsonaro prefere militar no posto

Foto: Shutterstock / Divulgação / CP Memória

Em meio à crise gerada com a desistência de dois nomes escolhidos pelo presidente Jair Bolsonaro, as indicações para a Presidência da Petrobras e para o Conselho de Administração da estatal seguiam sem definição até o fim da manhã desta terça-feira. Interlocutores do governo relataram à reportagem do portal R7 que um dos novos cotados para a vaga de presidente da estatal é o secretário de Desburocratização, Gestão e Governo Digital, Caio Paes de Andrade, lotado no Ministério da Economia.

Andrade assumiu o posto em agosto de 2020, com a saída de Paulo Uebel. O secretário dirigia o Serviço Federal de Processamento de Dados (Serpro), cargo que exercia desde fevereiro de 2019. Andrade, que é empreendedor em tecnologia de informação, mercado imobiliário e agronegócio, implantou na atual gestão a plataforma gov.br.

O secretário, contudo, nunca teve experiência no setor de gás e petróleo, o que pode a vir ser um empecilho para a indicação. Andrade é ligado ao ministro da Economia, Paulo Guedes, e próximo ao senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), além de ser bem visto pelo Planalto.

Por enquanto, o Ministério de Minas e Energia avalia os nomes. Bolsonaro se reúne, desde o início da tarde, com o ministro da pasta, Bento Albuquerque, para discutir a situação da estatal. Os novos substitutos devem ser referendados pela assembleia-geral da empresa, prevista para 13 de abril.

Nessa segunda-feira, o consultor Adriano Pires, que havia sido indicado para a presidência da Petrobras, comunicou ao Palácio do Planalto a desistência de assumir o posto, alegando conflito de interesses. Ele é, hoje, sócio-diretor de uma empresa que atende clientes do setor de energia e infraestrutura do país.

A desistência de Pires, que virou alvo de um pedido de investigação feito pelo Ministério Público Federal junto ao Tribunal de Contas da União, justamente em razão do conflito de interesses, ocorreu na esteira da abdicação de Rodolfo Landim, presidente do Flamengo e indicado ao Conselho de Administração da Petrobras.

O empresário desistiu do cargo um dia após o Flamengo perder para o Fluminense no Campeonato Carioca. Landim destacou que a indicação, feita por Bolsonaro, é uma honra, mas que resolveu abrir mão e dedicar tempo e esforço ao clube carioca.

O presidente Jair Bolsonaro prefere que o cargo continue sendo comandado por um militar. Com a desistência dos preteridos do chefe do Executivo nacional, a Petrobras segue indefinida. De qualquer forma, o nome escolhido, se aprovado pela assembleia-geral, vai suceder o general Joaquim Silva e Luna, demitido pelo chefe do Executivo no fim de março.

Após a demissão, o general defendeu a gestão tomada à frente da estatal e as decisões adotadas, alvo de críticas por parte do governo em razão dos sucessivos repasses dos aumentos dos combustíveis ao consumidor.