“Estou perplexo”, alega Jairo Jorge sobre operação que o afasta da prefeitura de Canoas

Operação do Ministério Público visou contratos do município; medida vale por ao menos seis meses

Jairo Jorge concedeu entrevista à Rádio Guaíba, na manhã desta sexta | Foto: Mauro Schaefer/CP Memória
Foto: Mauro Schaefer/CP Memória

O prefeito de Canoas, Jairo Jorge (PSD), se pronunciou pela primeira vez após ser afastado do cargo em decorrência de uma operação do Ministério Público, realizada na manhã desta quinta-feira. Através do Twitter, o político afirmou estar perplexo e surpreendido com as graves acusações e ataques à honra dele.

Na manifestação, Jairo Jorge também destacou acreditar na Justiça e estar convicto de que todos os fatos serão esclarecidos.

Também na tarde desta quinta, a prefeitura municipal, já sob o comando de Nedy Marques (Avante), ex-vice prefeito, emitiu uma nota oficial. Na ocasião, o município alegou que a atual gestão desconhece o “inteiro teor das ações” que envolvem contratos do Executivo, tendo tomado conhecimento “tão somente dos mandados de busca”.

Por conta da ofensiva, Jairo Jorge deve ficar, pelo menos, seis meses afastado do cargo, conforme detalhou o Procurador-Geral de Justiça do Estado, Marcelo Lemos Dornelles.

“Estamos sim confirmando o afastamento do prefeito de Canoas e dos secretários de Saúde e de Planejamento, além de outras pessoas envolvidas nesta fraude. Nossa operação é enorme. Tem um núcleo empresarial muito forte que pratica fraude em todo o Brasil nesta área. Estamos ajudando a enfrentar isto também em vários outros estados brasileiros. Estamos interferindo agora com os afastamentos por, no mínimo, seis meses. Estamos colhendo informações e depois vamos encaminhar denúncia”, declarou.

Além de Jairo Jorge, também foram afastados das funções um assessor direto do gabinete, os secretários da Saúde, Maicon Lemos, e do Planejamento, Fábio Cannas, e mais dois servidores.

Ainda pela manhã, o advogado Jader Marques, que representa Jairo Jorge, se manifestou por meio de nota. Na oportunidade, o criminalista disse que o prefeito vai prestar todas as explicações e informações.

Jader disse ainda que vai buscar acesso às investigações e detalhar, no momento oportuno, as medidas que serão tomadas em defesa do prefeito.

Operação

Foram cumpridas 81 medidas cautelares contra 24 pessoas físicas e 15 empresas em uma ação que apura possíveis crimes de peculato, corrupção ativa, corrupção passiva, falsidade ideológica, supressão de documentos, fraude à licitação, organização criminosa e lavagem de dinheiro. Foram examinadas contratações diretas, com dispensa de licitação, promovidas pela prefeitura de Canoas a partir de janeiro de 2021.

Conforme a investigação, o Executivo canoense passou a ser comandado por uma “organização criminosa composta por dois núcleos: um político, que assumiu a prefeitura, e outro empresarial”. O objetivo da organização criminosa era desviar dinheiro público, segundo o MP, e familiares do prefeito também faziam parte do esquema.

Entre os cinco contratos fraudulentos investigados, somando R$ 66,7 milhões, o MP cita a gestão do Hospital de Pronto Socorro de Canoas, a prestação do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) e a contratação de serviços de limpeza e copeiragem.