Após a operação do Ministério Público do Rio Grande do Sul (MPRS) que levou ao afastamento do prefeito de Canoas, Jairo Jorge (PSD), nas primeiras horas do dia, a prefeitura se manifestou, na tarde desta quinta-feira. Em nota, assinada pelo prefeito em exercício, Nedy de Vargas Marques (Avante), o município alega que, até o momento, a atual gestão desconhece o “inteiro teor das ações” que envolvem contratos do Executivo, tendo tomado conhecimento “tão somente dos mandados de busca”.
O documento reforça, ainda, que todos os contratos efetivados por procedimento licitatório ou com dispensa de licitação se submetem a um rigoroso processo de seleção, sendo avaliados e certificados por “diversos setores” do governo.
Nedy Marques, que deve ocupar o cargo por ao menos seis meses, destacou ainda que o município está à disposição do Poder Judiciário para contribuir e responder a tudo o que for necessário para auxiliar no esclarecimento da situação.
Por fim, a nota buscar tranquilizar os canoenses ao garantir que serão mantidos todos os serviços prestados pelo município.
Quem é o novo prefeito
Nedy de Vargas Marques (Avante), de 71 anos, é advogado criminalista. Vereador em Canoas por seis mandatos consecutivos. esteve na presidência da Câmara em seis oportunidades.
Entenda o caso
Na manhã desta quinta, o Ministério Público do Rio Grande do Sul (MPRS) realizou a operação Copa Livre, que culminou no afastamento do prefeito Jairo Jorge, de um assessor direto do gabinete, dos secretários da Saúde, Maicon Lemos, e do Planejamento, Fábio Cannas, e de mais dois servidores. O MP chegou a solicitar a prisão preventiva do prefeito por entender que havia elementos suficientes. Porém, a justiça não atendeu ao pedido.
Foram cumpridas 81 medidas cautelares contra 24 pessoas físicas e 15 empresas em uma ação que apura possíveis crimes de peculato, corrupção ativa, corrupção passiva, falsidade ideológica, supressão de documentos, fraude à licitação, organização criminosa e lavagem de dinheiro. Foram examinadas contratações diretas, com dispensa de licitação, promovidas pela prefeitura de Canoas a partir de janeiro de 2021.
Conforme a investigação, o Executivo canoense passou a ser comandado por uma “organização criminosa composta por dois núcleos: um político, que assumiu a prefeitura, e outro empresarial”. O objetivo da organização criminosa era desviar dinheiro público, segundo o MP, e familiares do prefeito também faziam parte do esquema.
Entre os cinco contratos fraudulentos investigados, somando R$ 66,7 milhões, o MP cita a gestão do Hospital de Pronto Socorro de Canoas, a prestação do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) e a contratação de serviços de limpeza e copeiragem.
O que disse a defesa de Jairo Jorge
O advogado Jader Marques, que defende Jairo Jorge, disse em nota que “o prefeito dará todas as explicações e prestará todas as informações, como faria se fosse solicitado pela forma não violenta”.
O advogado disse ainda que “vai buscar acesso às investigações e fará, no momento oportuno, a devida manifestação sobre as medidas que serão tomadas em defesa do Prefeito de Canoas”.