O advogado Frederick Wassef se tornou réu na ação judicial em que é investigado pelo crime de injúria preconceituosa. A decisão da justiça do DF, publicada nessa quinta-feira, acolheu a denúncia do Ministério Público (MPDFT).
O juiz Omar Dantas Lima, da 3ª Vara Criminal de Brasília, considerou que a denúncia descreve o crime com todas as suas circunstâncias, identifica o acusado e também testemunhas. Além disso, há prova da “materialidade e indícios de autoria que recaem sobre o denunciado.”
Procurada, a defesa de Frederick Wassef disse que está “perplexa com a denúncia oferecida pelo Ministério Público”. Os advogados informaram que “havia diligências pendentes no inquérito, que eram, como de fato são, absolutamente relevantes para o esclarecimento da verdade, às quais mostrariam sua inocência. Isso viola a garantia constitucional de defesa, pois o inquérito não pode ser apenas um instrumento que busque incriminar alguém. Iremos aos tribunais para resgatar a Constituição”, diz a nota.
Durante as investigações, a defesa de Wassef chegou a afirmar que o caso seria uma “armação montada”, e alegou que a funcionária da pizzaria teria mentido.
Denúncia
A denúncia oferecida pelo MPDFT aponta que, em outubro de 2020, Wassef teve uma postura de discriminação e preconceito racial com a funcionária de uma pizzaria no Lago Sul, região nobre de Brasília. Na época, ela tinha 18 anos. Segundo a acusação, o advogado ofendeu a dignidade da moça, “valendo-se de elementos referentes à raça e cor, além de contra ela praticar vias de fato”, segundo o MP.
Na ocasião, quando a mulher foi até a mesa de Wassef para anotar o pedido, o advogado teria respondido que não queria ser atendido por ela, por ser negra e ter “cara de sonsa”. Depois disso, Wassef ainda teria segurado a garçonete pelo braço e a arrastado até o balcão do estabelecimento, onde as pizzas eram feitas.
No mês seguinte, Wassef voltou à pizzaria. A mesma atendende foi até ele para anotar o pedido, mas Wassef a teria ignorado, e outra garçonete foi concluir o serviço. Depois de comer, Wassef ainda reclamou da pizza, e mais uma vez teria ofendido a funcionária com termos preconceituosos. Ele teria dito à garçonete: “Você é uma macaca! Você come o que te derem!”
O MPDFT pede a condenação de Wassef por injúria racial. A pena varia de um a três anos de prisão e multa. A promotora Mariana Silva Nunes, que assina a denúncia, pede ainda o pagamento de uma indenização de R$ 20 mil à vítima e R$ 30 mil a serem doados para uma instituição que atua no combate à discriminação racial, que deve ser indicada pelo MPDFT.