Vacinação infantil contra a Covid-19 é mais lenta em estados com IDH menor

Estudo da Fiocruz mostra que desigualdade é um fator no ritmo de vacinação

Foto: Tânia Rêgo / Agência Brasil

O ritmo da vacinação infantil contra a Covid-19 é mais lento em estados onde o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) e a esperança de vida ao nascer são menores, apontou uma nota técnica da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), divulgada nesta quarta-feira. Os pesquisadores do Observatório Covid-19 da fundação dizem que o cruzamento dos indicadores sociodemográficos e de cobertura vacinal de cada estado levanta o indício de que a vulnerabilidade social determina, no público infantil, a aplicação ou não das doses.

Esse cenário de desigualdade acaba por afetar mais os estados em que há maior proporção de crianças na faixa etária que deve ser vacinada, de 5 a 11 anos, advertem. O estudo também mostra que a cobertura vacinal para a primeira dose infantil é menor onde há maior desigualdade de renda, pobreza e internações por condições de saúde que podem ser controladas por acompanhamento na atenção básica.

“Entre as Unidades Federativas, apenas sete possuem cobertura de primeira dose maior que a média nacional (21%): Rio Grande do Norte (32,6%), Sergipe (23,9%), Espírito Santo (21,9%), São Paulo (28,1%), Paraná (28,6 %), Rio Grande do Sul (23,2%) e o Distrito Federal (34,6%). O pior desempenho está no Amapá, com apenas 5,3% da população na faixa etária entre 5 e 11 anos vacinada”, detalha a nota. Todos os estados da região Norte seguem abaixo da média nacional.

Se consideradas as capitais, a Fiocruz descreve estarem abaixo da marca do país Boa Vista (20,6%), Rio Branco (6,9%), Porto Velho (16%), Teresina (8,4%), João Pessoa (15,8%), Belo Horizonte (18,4%) e Cuiabá (15,7%). Por serem muito destoantes, os percentuais de Macapá (1,6%), Recife (1,9%) e Campo Grande (1,6%) podem indicar inconsistência dos dados disponíveis.

Fake News
Para a Fiocruz, a difusão de notícias falsas ainda provoca resistência das famílias sobre a eficácia e segurança da imunização infantil, apesar de todas as evidências científicas disponíveis e do retorno presencial das atividades escolares.

Os pesquisadores advertem que o movimento antivacina no Brasil difere do de outros locais do mundo, já que levanta dúvidas apenas sobre a vacina contra a Covid-19. “Mais do que nunca, cabe o devido esclarecimento à sociedade civil, com linguagem simples e acessível sobre a importância, efetividade e segurança das vacinas, envolvendo a responsabilidade de todos os níveis de gestão da saúde no país (federal, estadual e municipal)”.

O resultado desse cenário em que a desinformação atrasa a imunização é um grupo populacional de crianças desprotegidas, que se torna mais vulnerável a contrair e transmitir a Covid-19.