Uma semana após a queda do carrinho de uma montanha-russa que deixou quatro pessoas feridas em Imbé, os proprietários do parque de diversões foram flagrados pela Polícia Civil desmontando o estabelecimento para deixar o local. A situação, ocorrida na noite de terça-feira, resultou, nesta quinta, no cumprimento de um mandado de arresto – medida criminal que determina o bloqueio dos equipamentos com o objetivo de assegurar direitos futuros – decretado pela juíza Magáli Rabello, da 2ª Vara Criminal de Tramandaí após um pedido do Ministério Público Estadual.
A procuradora de Justiça Karine Teixeira recebeu um vídeo do Parque de Diversões Top Park com as luzes todas acessas, na noite de terça. Imaginando, a princípio, que a Polícia Civil fazia uma diligência no local, a promotora acabou descobrindo que o Corpo de Bombeiros havia feito desinterdição do estabelecimento, com exceção da montanha-russa. “Fui até o local e vimos que o parque estava sendo desmontado, estavam indo embora. A empresa é de Santa Catarina, muito provavelmente não iríamos mais localizá-los, inviabilizando tanto as diligências da polícia quanto a reparação das vítimas”, conta.
Como a extensão das lesões das vítimas – três adultos e uma criança – ainda não está definida, não há como apontar a natureza do crime pelo qual os proprietários do parque vão responder. Inicialmente, o MP cogitou uma denúncia por lesão culposa, mas, segundo a promotora, até mesmo um dano moral coletivo pode ser cogitado, já que o parque, instalado perto da ponte, era frequentado por toda a comunidade. “Pedimos o bloqueio dos bens para poder assegurar uma futura indenização das vítimas”, explica.
A promotora ainda observa que a situação do estabelecimento não é tão simples quanto pode parecer. Apesar de haver um parque de diversões instalado anualmente no mesmo local de Imbé, a empresa que oferece a atividade não é sempre a mesma. Segundo Karine, o município abre uma nova licitação anualmente. A vencedora da última concorrência acabou sublocando o espaço para essa empresa, de Santa Catarina. “O contrato que Imbé celebrou não envolveu essa empresa (na qual ocorreu o acidente)”, pontua.
O delegado Antônio Carlos Ractz Júnior afirmou que já inquiriu os proprietários dos dois parques – o vencedor da licitação e o que vinha operando –, o engenheiro responsável, três funcionários da montanha-russa, um familiar e duas das vítimas, além de um sargento do Corpo de Bombeiros e dois profissionais vinculados ao Conselho Regional de Engenharia (Crea). De acordo com ele, há também um engenheiro mecânico auxiliando no caso. Agora, a investigação aguarda o resultado do laudo pericial para remeter o inquérito ao Judiciário.