BC finaliza hoje reunião que deve levar juros ao maior nível em 5 anos

Expectativas do mercado financeiro apontam para nova elevação da Selic a 10,75% ao ano, maior patamar desde julho de 2017

Medida será aplicada mesmo quando disponível atendimento em outros canais | Foto: Raphael Ribeiro / BCB / CP Memória

O Copom (Comitê de Política Monetária) do BC (Banco Central) define nesta quarta-feira (2) o novo patamar dos juros básicos da economia brasileira. A previsão do mercado financeiro é de que a Selic salte mais 1,5 ponto percentual em uma nova tentativa de conter a inflação.

Caso as expectativas sejam confirmadas, a taxa básica de juros vai alcançar 10,75% ao ano e voltar a ter um patamar de dois dígitos, o que não ocorre desde julho de 2017.

A trajetória de alta da taxa básica começou em março do ano passado, quando a Selic figurava em 2% ao ano, o menor patamar da história, após uma série de reduções iniciada em 2016. Para o fim de 2022, a projeção é que a taxa alcance 11,75% ao ano.

Antes do veredito, o presidente do BC, Roberto Campos, e os oito diretores da autoridade monetária se reúnem nesta quarta-feira, projetam as possibilidades futuras da economia nacional e definem o novo nível da taxa Selic.

A segunda fase do encontro acontece após a realização de apresentações técnicas sobre a evolução e as perspectivas da economia e o comportamento do mercado financeiro na terça-feira (31).

O veredito a respeito dos novos juros básicos será anunciado após as 18h30 e ficará vigente por ao menos 45 dias, quando os diretores do BC voltam a se encontrar para discutir novamente a conjuntura econômica nacional. A ata detalhada com as razões que motivaram a decisão será publicada na próxima terça-feira (8).

No último encontro, quando elevou a taxa básica de juros a 9,25% ao ano, o Copom sinalizou para a nova alta de 1,5 ponto percentual da taxa Selic na primeira reunião de 2022 com o objetivo de segurar a escalada da inflação.

Na avaliação, dos diretores do BC, a deterioração do balanço de riscos e do aumento das projeções, o “ritmo de ajuste é o mais adequado para garantir a convergência da inflação para as metas no horizonte relevante”.

Juros básicos

A Selic é conhecida como taxa básica porque é a mais baixa da economia e funciona como forma de piso para os demais juros cobrados no mercado. A taxa é usada nos empréstimos entre bancos e nas aplicações que as instituições financeiras fazem em títulos públicos federais.

Em linhas gerais, a Selic é taxa que os bancos pagam para pegar dinheiro no mercado e repassá-lo para empresas ou consumidores em forma de empréstimos ou financiamentos. Por esse motivo, os juros que os bancos cobram dos consumidores são sempre superiores à Selic.

A taxa básica também serve como o principal instrumento do BC para manter a inflação sob controle, próxima da meta estabelecida pelo governo. Isso acontece porque os juros mais altos encarecem o crédito, reduzem a disposição para consumir e estimulam novas alternativas de investimento.

Quando o Copom aumenta a Selic, o objetivo é conter a demanda aquecida e isso causa reflexos nos preços, porque os juros mais altos encarecem o crédito e estimulam a poupança. Já quando o Copom reduz os juros básicos, a tendência é que o crédito fique mais barato, com incentivo à produção e ao consumo.