Delegada que investiga ameaças a vereadores negros considera caso parcialmente resolvido

Israel Soares vai responder pelos crimes de ameaça, racismo e terrorismo

Foto: Polícia Civil/Divulgação

A Polícia Civil tomou, nesta terça-feira, o depoimento de um dos suspeitos de ter ameaçado de morte parlamentares da bancada negra da Câmara de Vereadores de Porto Alegre, por meio de e-mails enviados entre dezembro e janeiro. Conforme a titular da Delegacia de Combate à Intolerância, delegada Andrea Mattos, Israel Soares, detido na sexta-feira passada durante as investigações, fazia questão de mostrar o rosto e o ambiente onde eram feitas as gravações. Em entrevista à Rádio Guaíba, a policial confirmou que o suspeito preso parecia ter certo “orgulho dos vídeos” que fazia. As postagens eram feitas em redes sociais, como Facebook e YouTube, sem nenhum tipo de barreira para visualização. No Instagram, o suspeito se identifica como influenciador digital.

Andrea Mattos explica que existem duas investigações abertas, e que uma delas apura as denúncias de ameaças de morte sofridas pelos cinco parlamentares da bancada negra em Porto Alegre. Ela revela que existem remetentes diferentes para as ameaças e Israel era o autor de uma delas. “Três ameaças foram assinadas por um determinado remetente, e somente a última pelo Israel Soares, preso na última sexta-feira”, detalhou. Para Andrea, é possível dizer que a Polícia, até o momento, resolveu “metade do problema”.

Conforme a delegada, existe uma chance muito grande de que, com o período eleitoral, o surgimento de grupos extremistas, como o que Israel fazia parte, aumente no Rio Grande do Sul. “O que temos visto é que, por um tempo, esses grupos neonazistas ficaram ‘adormecidos’ e, desde o ano passado, voltaram a atuar. Nesse primeiro momento, ainda está muito no ponto das ameaças, no campo virtual. Mas eu não duvido que, a qualquer momento, as ameaças possam vir a se concretizar”, admitiu.

Israel Soares vai responder pelos crimes de ameaça, racismo e terrorismo. Conforme a Polícia Civil as penas somadas podem variar entre sete e oito anos de prisão.

Nesta terça, os vereadores da bancada negra e o presidente da Câmara de Porto Alegre, Idenir Cechim (MDB) se reuniram com a chefe da Polícia Civil, Nadine Anflor, para acompanhar a evolução das investigações.

Segundo o vereador Matheus Gomes (PSol), um dos alvo dos ataques, o encontro serviu para “reafirmar a disposição em contribuir com as investigações, de forma institucional, enquanto Câmara de Vereadores, através da mesa diretora”. Já Cecchim ressaltou que “ao ameaçar um vereador, toda a Câmara se sente ameaçada”.

Em janeiro, Gomes e a vereadora Daiana Santos (PCdoB), que é declaradamente lésbica, foram alvo de ameaças de morte. Além de ofensas de teor racial, a mensagem direcionada à parlamentar também tinha cunho misógino e homofóbico.