‘Dizem que é bem-vinda’, comenta Bolsonaro sobre ômicron

OMS alerta que variante não pode ser encarada como branda, já que vem matando pessoas em todo o mundo

Foto: Reprodução/YouTube

O presidente da República, Jair Bolsonaro, minimizou, nesta quarta-feira, a variante do coronavírus ômicron, que se espalhou com rapidez pelo mundo. “A ômicron não tem matado ninguém. Ela tem capacidade de se difundir muito grande, mas a letalidade é muito pequena. Dizem até que seria um vírus vacinal. Alguns estudiosos sérios e não vinculados a farmacêuticas dizem que a ômicron é bem-vinda e pode sinalizar o fim da pandemia”, afirmou o presidente.

A primeira morte no Brasil pela variante se registrou em Goiás, no município de Aparecida de Goiânia, região metropolitana da capital. A vítima era um homem de 68 anos que tinha doença pulmonar crônica e hipertensão. O mandatário pontuou que o homem “já tinha problemas seríssimos”.

As falas foram proferidas em entrevista ao site Gazeta Brasil e transmitida ao vivo pelas redes sociais do presidente. Apesar do que pensa o presidente, a Organização Mundial da Saúde (OMS) vem alertando que a variante não pode ser descrita como branda, por também estar matando pessoas em todo o mundo, ainda que ela pareça menos grave que outras variantes.

Já a questão de que a ômicron pode representar o fim da pandemia é discutida entre especialistas, mas ainda não há conclusão sobre esse entendimento.

Ao longo da entrevista, Bolsonaro voltou a criticar ações de distanciamento social e fechamento de comércio para conter a propagação do vírus. Alguns estados discutem ou já definem medidas nesse sentido diante do aumento de casos, no início deste ano.

“Outro lockdown (fechamento completo) a economia não aguenta. O Brasil vai quebrar. Desde o começo da pandemia eu disse que tínhamos que enfrentar a pandemia”, afirmou. Bolsonaro voltou a defender medicamentos ineficazes contra a Covid-19, sem dizer nomes, afirmou que não se vacinou contra o vírus e está “muito bem”, frisando que o que vem salvando o Brasil é a “imunidade de rebanho”.

Bolsonaro se refere à imunidade natural, não provocada pela vacina, algo que ele defende desde o início da pandemia. O país já teve quase 70% da população totalmente vacinada e a comunidade científica remete a isso a redução das mortes pela doença. A “imunidade natural”, defendida pelo presidente, é criticada por especialistas, já que a pessoa pode ser reinfectada, e sem a vacina, não há prevenção contra mortes.

Apesar disso, o presidente afirmou que “a pessoa que se imuniza com o vírus tem muito mais anticorpos do que aquela que se imuniza com a vacina”. Pesquisa feita pelo Centro de Controle e Prevenção de Doenças nos Estados Unidos (CDC), divulgada no fim do ano passado, entretanto, apontou que pessoas vacinadas adquirem mais proteção contra um quadro grave da Covid-19 do que uma pessoa infectada uma vez pelo vírus.