Caso Kiss: Quinto dia é marcado por depoimento de vítima que teve 50% do corpo queimado

Na segunda-feira os trabalhos iniciam às 9h e serão ouvidos Stenio Rodrigues Fernandes, Willian Renato Machado e Nathalia Daronch

Três pessoas foram ouvidas pelos jurados neste domingo (5). Foto: Ricardo Giusti/Correio do Povo

No quinto dia do julgamento dos quatro réus acusados do incêndio na boate Kiss, em Santa Maria (RS), o primeiro depoimento da manhã deste domingo (5) foi do engenheiro civil Thiago Flores Mutti, de 46 anos. Ele chegou ao julgamento na condição de testemunha de Mauro Hoffman, mas passou a informante por responder a um processo de acusação por falsidade ideológica.

Mutti foi o engenheiro que acompanhou as obras da boate em 2009. Durante o depoimento o engenheiro contou que foi em uma festa na Kiss no final de 2012. Notou que a boate estava diferente de 2009, mais ampla, e o teto estava um pouco rebaixado. “Achei a boate muito boa” afirmou Mutti. Na ocasião ele confirmou que não viu a espuma.

Tiago, que chegou a ser um dos sócios-proprietários da boate antes de Elissandro e Mauro, foi perguntado se disse em depoimento à Polícia que havia vendido as cotas dele para Elissandro por R$ 50 mil. Trecho do depoimento foi mostrado. “Se eu disse, não vale. Vale tudo o que falei em juízo depois. Isso aí foi maneira de proteger a minha irmã”, respondeu o informante.

Até o momento já foram ouvidas 16 pessoas, sendo 14 testemunhas e 2 informantes.

O segundo depoimento foi o do sobrevivente Delvani Brondani Rosso, que hoje possui 29 anos. Delvani contou que foi convidado para visitar Santa Maria, e à noite, foram a Kiss em grupo de sete pessoas. Segundo o sobrevivente, ele sentiu um “bafo” logo na entrada, porque a boate estaria muito cheia.

Delvani disse que demorou para se dar conta do que acontecia, até que começou a sentir a fumaça e muito empurra-empurra, mas achava que conseguiria sair. “Quando se apagaram as luzes, situação ficou sem controle”, lembra Delvani.

A testemunha afirmou que o irmão, que havia conseguido sair da boate, voltara para puxar pessoas lá de dentro. Uma dessas pessoas retiradas foi o próprio depoente.

A terceira pessoa a dar o seu depoimento foi Doralina Peres, que também sobreviveu a tragédia e trabalhava como segurança da Boate Kiss no dia do incêndio. Da noite da tragédia a vitima afirmou que lembra pouco, mas sabe que desmaiou e um colega a tirou da boate. A sobrevivente ficou quase 30 dias internada. Teve problema pulmonar e sofreu queimaduras.

A expectativa é que o juri dure mais 10 dias. Para que se cumpra o prazo, o Ministério Público propôs, na sexta feira, que cada parte do processo abrisse mão de uma testemunha. Proposta que foi aceita por todas as partes envolvidas no julgamento. Com isso o processo passou a ter 29 oitivas, além dos 4 réus.

Stenio Rodrigues era testemunha da acusação, mas seria dispensada, dentro da proposta do Ministério Público. A defesa de Elissandro Spohr dispensou uma testemunha para poder contar com o depoimento de Stenio que era o organizador da festa. O advogado Jader Marques classificou a testemunha que seria dispensada com fundamental. “Como o Ministério Público tentou tirar do rol de testemunhas uma pessoa muito importante que é o organizador daquela festa, nós tivemos que sacrificar uma testemunha que é um perito renomado, que falaria dos extintores, das espumas, das portas, da localização da casa. Mas como o Stênio é o organizador da festa, tratou com as pessoas das turmas, ele sabia funcionava a casa, sabia tudo que aconteceria naquela noite. Não deixaremos o Ministério Público afastar esse que é um dos grandes nomes desse julgamento”, detalhou o defensor.

Ao final do quinto dia de julgamento o advogado das vítimas da Boate Kiss, Pedro Barcellos Junior, falou que algumas autoridades deveriam estar no banco dos réus. O advogado explicou que eles devem responder depois do julgamento em outro processo, separadamente. “O prefeito, o promotor, o bombeiro, eles podem incidir em crime de responsabilidade. Mas não é competência do júri. Por isso que não estão no banco dos réus. Enquanto eu estiver a frente da associação junto com o presidente Flávio, nós vamos buscar a responsabilidade de todo mundo. Então quem deve, vai ter que pagar”, afirmou Barcellos.

Na segunda-feira os trabalhos iniciam às 9h e serão ouvidos Stenio Rodrigues Fernandes, Willian Renato Machado e Nathalia Daronch,