Sobrevivente da Kiss se emociona e precisa de atendimento médico durante o julgamento

Jéssica Montardo Rosado perdeu o irmão de 26 anos na tragédia

Vítima estava na boate no dia em que ocorreu a tragédia em Santa Maria | Foto: Ricardo Giusti/CP

A sobrevivente Jéssica Montardo Rosado, de 33 anos, foi a segunda a depor nesta quinta-feira no julgamento do Caso Kiss. O depoimento da vítima foi carregado de bastante emoção e, por volta do meio-dia, ela precisou de atendimento médico no Foro Central de Porto Alegre. A situação obrigou o juiz Orlando Faccini Neto a faze um breve intervalo na sessão.

A vítima, que estava na Kiss no momento do incêndio, chorou várias vezes ao relembrar a morte do irmão, Vinícius Montardo Rosado, de 26 anos. Jessica contou que irmão conseguiu ajudar mais de dez pessoas a sair da boate. “Meu irmão é a melhor coisa que tive na vida, que tenho ainda”, disse. “Ele tinha muitos amigos lá dentro. Ele jamais viraria as costas. Acho que no pensamento dele, eu ainda estava lá dentro. O Vinícius sempre foi solidário. Eu não perdi um irmão, eu ganhei um irmão por 26 anos. Ele jamais seria o mesmo se tivesse voltado pra casa”, acrescentou.

A vítima conseguiu se recompor e por volta de 12h40min retornou ao plenário para continuar com o depoimento. Mais cedo, a testemunha respondeu questionamentos do juiz e do Ministério Público. Segundo a testemunha, nenhum segurança a ajudou sair do estabelecimento e os bombeiros chegaram quando ela já havia deixado o recinto. Para ela, clientes que sobreviveram ao incêndio e moradores próximos foram cruciais para minorar o número de pessoas mortas na tragédia. “Se não tivéssemos a ajuda de tantos civis naquela noite, o número de mortos na boate não seria 242, seria mais”, destacou.

Conforme a testemunha, não é possível, no entanto, precisar como foi o trabalho dos seguranças de forma geral, levando em consideração a confusão no momento do incêndio. Ela detalhou que saiu um pouco depois da meia-noite de casa e não precisou esperar na fila da boate, que conforme a testemunha, estava dobrando a rua, porque conhecia um segurança da casa e acabou tendo acesso privilegiado ao estabelecimento.

De acordo com a testemunha, era comum a superlotação da casa. “Eu não sei lhe precisar quantidade, mas ela tava com bastante gente (na noite da tragédia). No momento do incêndio, depois de ter saído de dentro da boate Kiss, a depoente confirmou a intenção de entrar novamente na casa para tentar salvar o familiar. “Eu acho que com certeza (retornei) por conta do meu irmão. Eu jamais me perdoaria por voltar pra casa sem ele como eu voltei. E eu queria ter feito mais, mas não tive força”, disse.

Segundo a vítima, eventualmente ela frequenta os mesmos lugares que o réu Luciano Bonilha. “A única pessoa que a gente tem contato (dentre os réus) é o Luciano, por trabalhar em eventos ainda. Conversamos, o tratamos como ser humano, como a gente trata todo mundo”, pontuou.

*Com informações do repórter André Malinoski