Em Doha, Bolsonaro avalia que Enem era “ativismo político e comportamental”

Apesar da afirmação, presidente negou ter tido acesso às perguntas do exame, a ser aplicado nos próximos fins de semana em todo o Brasil

O presidente Jair Bolsonaro voltou a atacar a formulação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), nesta quarta-feira, durante viagem a Doha, no Catar. Bolsonaro afirmou que havia “temas esquisitos” no passado e negou ter tido acesso às perguntas do exame, a ser aplicado nos próximos dois fins de semana em todo o Brasil.

“Olha o padrão do Enem do Brasil, pelo amor de Deus. Aquilo mede algum conhecimento ou é ativismo político e comportamental? Não precisa disso”, disse Bolsonaro, durante entrevista a jornalistas, depois de passear de moto com apoiadores no Catar. “Você gostava do sistema do passado, você tem família, filhos? Pelo amor de Deus, que temas esquisitos no passado, acaba com isso.”

Dias antes, o presidente havia afirmado que as perguntas do Enem terão “a cara do governo”, o que provocou forte reação política. Pelo menos 37 servidores ligados à formulação do exame pediram demissão às vésperas da aplicação, alegando interferência política do governo, mas o presidente sustenta que a debandada vai não afetar a programação do Enem.

O presidente também criticou a viagem do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) pela Europa, onde vem fazendo uma agenda própria pré-eleitoral e criticando o governo Bolsonaro. “Ele tem que andar é pelo Brasil”, disse Bolsonaro.

Copa do Mundo e investimentos

Bolsonaro e ministros reuniram-se com o emir do Catar, xeique Tamim bin Hamad al-Thani, para tratar de investimentos e negócios, principalmente na área de defesa e infraestrutura. A comitiva visitou o Estádio Lusail, que vai sediar a partida final da Copa do Mundo Fifa 2022. Bolsonaro disse que o governo do Catar defende a alteração na periodicidade do torneio, bem como do Mundial de Clubes, e indicou que vai conversar sobre o tema com a Confederação Brasileira de Futebol (CBF).

“A CBF é que vai dar o norte de como proceder. Opinião minha como peladeiro: a Copa do Mundo de dois em dois é bem-vinda, ajuda no aspecto econômico. Sou apenas um torcedor, apaixonado por futebol, o que a CBF decidir estou com eles”, disse Bolsonaro. A proposta catariana é realizar a cada dois anos a Copa do Mundo em vez de a cada quatro, como ocorre atualmente, e que o Mundial de Clubes tenha 24 equipes, como planeja a Fifa.